O menino chorava diante da vitrine do açougue. Alguns se incomodavam, outros riam, outros ignoravam. Queria saber por que a “Peppa Pig” não respondia. Era rosada, de um rosáceo pálido, iludente.
“Peppa, Peppa, Peppa Pig, levanta…levanta”, repetia, insistia. Outros não se importavam, mas o menino não era os outros. Sim, a “Peppa Pig” continuava inteiriça, só que não respondia, sequer se movia. A mãe saiu da fila, puxou a criança pela mão e a levou para longe do açougue.
Menino não queria ir. Se esforçava para apoiar os pés no chão enquanto atravessava o corredor de frios. Difícil evitar. Chinelinhos escorregavam pelo piso, e a “Peppa Pig” cada vez mais distante. Fez força. Estendeu a mão miúda. Pensou que pudesse esticar o braço e tocá-la – coisa de desenho animado.
Com olhos marejados, olhou para a mãe: “A Peppa Pig não levanta. Por que ninguém faz nada? Ninguém liga?” A mãe não respondeu. Amanhã, talvez outra criança chore pela Peppa Pig. Ela morre todos os dias – aqui, ali ou lá.
Uma resposta
Como diz Gary L. Francione, “Animais nossa Esquizofrenia Moral”, vê-se todo dia casos parecidos, às vezes a mesma mãe que compra o desenho da galinha pintadinha é a mesma que coloca um pedaço de frango no prato do filho!