As “carnes vegetais são o melhor investimento para o futuro do clima”, defende artigo do pesquisador Ricardo Azambuja, professor associado da Fundação Dom Cabral. O texto foi publicado no jornal francês Liberátion e produzido em colaboração com outros dois especialistas: Tom Bry-Chevalier e Nicolas Salliou. Os autores defendem que a carne cultivada também é uma alternativa eficaz para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), e que deve receber mais financiamento para produção.
Os articulistas citam o relatório recente do Boston Consulting Group (BCG) sobre o tema, que informa que cada euro investido nesses produtos teria três vezes mais impacto do que se fosse colocado na melhoria energética de edifícios, por exemplo. O investimento também representaria onze vezes mais do que na fabricação de carros elétricos.
Sobre o cenário atual, é pontuado que os investimentos em proteínas alternativas já está crescendo e teria saltado de US$ 1 bilhão, em 2019, para US$ 5 bilhões em 2021, segundo o BCG. Por outro lado, por ainda serem subfinanciadas, essas alternativas representam apenas 2% dos produtos de carnes, ovos e lácteos vendidos. Contudo, a participação pode aumentar para 11% até 2035, levando em consideração as tendências atuais de crescimento.
Com esse volume, as proteínas alternativas reduziriam as emissões de gases de efeito estufa a uma quantidade equivalente à atual pegada global da aviação, compararam os articulistas. Com mais investimentos, a participação das proteínas alternativas pode dobrar nesse período, chegando a 22% e ampliando ainda mais a contribuição na descarbonização global.
“As alternativas mais clássicas, à base de cereais, ervilha, feijão ou soja, devem continuar crescendo cerca de 10% ao ano, mas novos produtos promissores, ainda em desenvolvimento, devem entrar no mercado também”, avalia o pesquisador da Fundação Dom Cabral, Ricardo Azambuja.
