Pesquisadores suíços desenvolvem camarão de microalgas

Foto: Stefan Weiss/ETH Zurich

Na Suíça, dois pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, Severin Eder e Lukas Böcker, estão desenvolvendo camarão de microalgas como uma forma de também ajudar a minimizar o impacto da pesca comercial.

“Com a tecnologia e a plataforma que desenvolvemos, alcançaremos não apenas um sabor e textura autênticos com um produto à base de microalgas, mas também as qualidades nutricionais que você obtém com peixes e frutos do mar”, frisa Eder em publicação no site do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.

A vantagem das microalgas, segundo os pesquisadores, é que elas podem ter até 70% de proteínas, além de serem ricas em outros nutrientes.

“Lukas vinha estudando o uso de microalgas para a produção de alimentos há algum tempo, e eu estava trabalhando na química e no uso alternativo de resíduos na indústria alimentícia. Logo percebemos que esses dois conjuntos de conhecimento podem ser uma combinação ideal para criar análogos de peixes e frutos do mar.”

De acordo com Eder, os processos que dão origem ao camarão tendem a ser padronizados, o que não impede o desenvolvimento de novos métodos e biotécnicas. Ele cita um que envolve extrusão e bicos especialmente desenvolvidos para estruturar e moldar a mistura a partir das microalgas.

Com a crescente demanda por proteínas alternativas, Lukas Böcker diz acreditar que o futuro é auspicioso para o segmento:

“Em dois ou três anos, tenho certeza de que haverá muito mais análogos de peixes e frutos do mar do que hoje.”

Severin Eder acrescenta que decidiram priorizar as alternativas aos frutos do mar porque já existem soluções bem avançadas para alternativas aos peixes.

De acordo com novo relatório divulgado pelo Good Food Institute, os investimentos globais em alternativas aos peixes e frutos do mar quase dobraram em 2021 em comparação com 2020 – chegando a US$ 175 milhões.

Ou seja, o interesse dos investidores, que reconhecem o grande potencial de aumento da demanda por proteínas alternativas ao mesmo tempo em que veem oportunidades de aplicações mais sustentáveis, pode contribuir para reduzir o impacto humano na vida aquática.

Hoje a região da Ásia-Pacífico é que a detém o mais alto consumo de peixes do mundo. Por isso, cresce o número de startups e investidores interessados na oferta de alternativas livres do uso de animais e da exploração excessiva de recursos naturais não renováveis.

No mundo, atualmente cerca de 120 companhias estão investindo em proteínas alternativas que mimetizam peixes e frutos do mar.

O relatório do GFI também chama atenção para o aumento do cultivo sustentável de algas marinhas, microalgas e lentilhas aquáticas que têm grandes qualidades nutricionais e alta funcionalidade proteica.

Foto: Stefan Weiss/ETH Zurich
Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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