Por que as pessoas não se importam com os peixes?

Ilustração: Twinkle Mickey

“Por que as pessoas não se importam com os peixes?”, perguntou Rubinho, olhando os animais confinados em gaiolas. “É porque deles as pessoas querem duas coisas – ganhar dinheiro e comer”, respondeu Marcinha.

Estavam com a professora e a turma da escola visitando criação de peixes em águas abertas. Rubinho estranhou uma área tão grande, onde seus olhos perdiam-se na vastidão aquática, e os peixes presos em pequenos espaços que não permitiam qualquer voltinha fora dali.

É como enxergar o mundo pela janela sem nunca poder sair. Tudo acontece ao seu redor e você não pode participar de nada. “Parece que tão de castigo”, disse Rubinho. Marcinha acenou em concordância e perguntou: “Eles ficam estressados, né?” A professora não soube responder.

Um funcionário que alimentava peixes com farinha de peixes capturados na natureza admitiu que podem ficar sim, e dependendo da intensidade há queda na imunidade. “Se acontecer, tem peixe que adoece e talvez chegue a morrer, então a gente tem que evitar isso.” Marcinha continuou: “Mas se eles não fossem criados pra isso, o senhor acha que isso aconteceria?” Ele sorriu e não articulou palavra.

Logo começaram a comparar as gaiolas com aquários. “A diferença aqui é que serão comidos e esquecidos. Não é peixe ornamental, que também não deixa de viver numa prisão, né?”, lembrou Marcinha.

“Deve ser triste viver preso e ainda morrer pra isso. E tem tanta água em volta”, comentou Rubinho. Tentou imaginar para onde os peixes iriam se tivessem liberdade.

“Mas se nasceram aqui, será que sobreviveriam fora daqui?”, questionou Marcinha. Perceberam que em qualquer circunstância os peixes estão em desvantagem, porque sofrem e sofrerão pelo que conhecem e pelo que não conhecem. É uma estranha cadeia de exploração.

De repente, Marcinha ficou triste ao ver a cabeça de um peixe boiando na lateral, com os olhos voltados para fora da gaiola. Os outros peixes pareciam ignorar que um deles se foi. “Acho que é porque não é a primeira vez”, disse. E Rubinho só balançou a cabeça.

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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