Por que é importante opor-se à exploração animal?

Imagem: PS

Por que é importante opor-se à exploração animal? Posso olhar ao meu redor sem precisar recorrer aos animais enquanto criaturas vivas, enquanto seres que direcionam seus olhos para qualquer lugar, que manifestam vida ou transmitem algo que percebemos ou não.

Eles não estão por perto. A reflexão não é sobre um olhar para suas existências, e sim para suas ausências, os vazios diários que reafirmam uma ideia de que o mundo está repleto de “animais ausentes”.

Os “animais ausentes”, que não conhecemos como indivíduos, são os produtos consumidos, as matérias de sua descorporificação ou extração, tudo aquilo que é vendido a partir da forçada abstenção do estar/viver ou que o tem como colateral ou consequência final.

Sobre isso, não prendo-me a uma reflexão sobre animais em sofrimento, embora não seja inviável, mas no “vazio frequente”, que é sobre o esvaziamento de suas vidas, porque produtos de origem animal demandam esse esvaziamento – o fazem gradualmente e/ou fatalmente.

Quando a demanda dos consumidores é alta, temos um cenário que é a realidade ordinária atual. Se a depreciamos, podemos com mais facilidade direcionar nossos olhos para muitos lugares e perceber que os “animais ausentes” estão por toda a parte.

Se somos, na coletividade, um fator-perpétuo, não vemos os animais que vemos porque sequer reconhecemos – que é resultante da reificação que favorece o fator-ausente. A ideia de ausência vem não apenas do entendimento de que estão ali sem estar, sem ser, sem parecer, como é comum à produtificação.

Vem também do imperativo predominante que facilita o irreconhecimento, porque a ausência deles depende de uma ausência nossa, que perpetuamos dentro de nós como defesa à manutenção dessa ausência. Afinal, o sistema fora de nós depende de uma convergência ao sistema dentro de nós.

Se caminho por um supermercado, loja ou restaurante, ou se presto atenção nas pessoas, no que comem, utilizam ou compram, logo reconheço a multiplicidade e variabilidade de “animais ausentes”. São muitas ausências fortalecidas por uma normalização que é também forma de invisibilização.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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