Por que o ser humano ignora a crueldade contra os animais

Em muitos casos há um esvaziamento de possibilidades em definir o que se faz contra o outro como cruel (Fotos: Aitor Garmendia/Tras Los Muros)

Por que o ser humano é cruel com os animais, mas não reconhece ou ignora a crueldade de suas ações contra eles? Porque ele rejeita a ideia da natureza da maldade em seus atos, principalmente aqueles legitimados por fatores culturais e sociais.

Em muitos casos há um esvaziamento de possibilidades em definir o que se faz contra o outro como cruel, se este outro, que é alvo da crueldade, já é parte de uma ausência de consideração moral. Essa é uma das faces paradoxais da civilização.

Profissionalização da crueldade a torna permissível

Se você coloca um animal no centro de um pátio com seu tradicional perfil industrial, a partir do momento que ele chega ao local, já persevera uma rejeição à ideia de que se trata de uma criatura passível de vontades incompatíveis com aquele cenário.

No entanto, os instrumentos, os métodos, a profissionalização da crueldade e sua perpetuação legal torna tudo permissível, aceitável. Agora pegue esse mesmo animal e o coloque na rua para ser abatido em praça pública.

Ainda que o animal seja alvo de consumo haverá uma sensibilização inexistente no matadouro ou em qualquer linha de produção de alimentos de origem animal (talvez também repulsa por preocupações de caráter sanitário).

Olhar muda com base no condicionamento

O olhar muda com base no condicionamento ao qual somos submetidos há muito tempo – e que nos diz o que deve ser aceitável ou não na violência contra criaturas de outras espécies.

Há uma crença de que existe uma forma certa de matar quem não quer morrer; e que quem o faz é um profissional que está habilitado para “evitar o sofrimento do animal”.

No entanto, ignora-se que em algum nível o sofrimento já é inerente ao animal a partir do momento em que ele é submetido a um sistema de produção que o tipifica como produto.

E esse sofrimento, que se manifesta de várias formas (algumas óbvias, outras nem tanto), pode ser prolongado e intensificado assim que o animal reconhece as primeiras pistas do seu malfadado destino.

Animais são ludibriados antes do primeiro e violento golpe

Ademais, considero tal reflexão: “Se me impõem a morte, ainda que supostamente uma morte indolor (existe morte indolor?), devo aceitar?” Independente de forma, não seria uma oposição à minha vontade, se este não é meu desejo?

E como muitos animais são submetidos ao abate a cada segundo e ludibriados antes do primeiro e violento golpe (do contrário, resistiriam ao máximo em entrar em um matadouro), como esta pode ser uma ação moral e isenta de crueldade?

Enganar para matar em qualquer contexto uma criatura saudável e vulnerável é ação injustificável pela sua própria falta de razão moral de ser.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

2 respostas

  1. As pessoas que não entendi os sentimentos do animal, é uma pessoa que não tem amor próprio. Acho que estás pessoas não podem viver na sociedade. Devemos manter à distância, pois poderá ser mesmo um grande perigo à sociedade.

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