Por que questões que importam sobre os animais continuam sendo tão negligenciadas?

Foto: MPPI

Por que questões que importam sobre os animais continuam sendo tão negligenciadas? E até mesmo pioradas em alguns aspectos.

É inegável que há mais pessoas tornando-se veganas no Brasil, por exemplo, assim como está ocorrendo em muitos outros países. Por outro lado, nem por isso a situação atual pode ser classificada como tão alentadora.

Não há como negar que há forças envolvidas nesse meio de perpetuação da exploração animal que tentam fazer o possível, e fazem, para combater qualquer tentativa de mudança mais significativa em relação ao estado atual das coisas – o que é comum à manutenção hegemônica.

Basta analisarmos a realidade política institucionalizada, por exemplo, já que estão sempre surgindo projetos prejudiciais aos animais no Congresso Nacional e principalmente na Câmara.

E por que campanhas e petições, mesmo quando bem-sucedidas, dão a impressão de que recebem menos apoio do que deveriam? Porque é o que recebem. Podemos culpar o desinteresse das pessoas, deficiência na divulgação, etc.

Porém não consigo dissociar essa realidade de dois pontos básicos que são imprescindíveis para uma transformação substancial – conscientização e educação.

Qualquer iniciativa em defesa dos animais, bem-sucedida ou não, ainda carece de apoio, e o apoio depende de uma dimensão de compreensão das pessoas que permita um outro olhar sobre a nossa relação com os animais, um “deslocamento de nosso lugar”, porque com esse mesmo olhar o que predomina é a apatia.

Apoio demanda consubstanciação de reconhecimento de valores e compartilhamento de convergências. Se não temos muitas pessoas apoiando iniciativas que julgamos tão importantes é porque elas não as reconhecem como importantes.

É conclusão inequívoca, e infelizmente só quando não apenas entendemos algo como nocivo, mas nocivo o suficiente para fazermos algo, é que nos estabelecemos como um fluxo progressivo de resistência. Mas como essa resistência pode ser transformadora sem estimular uma nova percepção no maior número possível de pessoas?

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *