Proteínas alternativas batem recorde de investimentos

Empresas têm utilizado a ciência como aliada no desenvolvimento de produtos que conquistem o paladar dos consumidores de carne (Foto: NotCo)

Mesmo com a crise desencadeada pelo coronavírus, o mercado de proteínas alternativas já conseguiu alcançar a marca de R$ 5,5 bilhões em investimentos nos quatro primeiros meses de 2020, de acordo com levantamento divulgado hoje (13) pelo The Good Food Institute. O destaque são as empresas dos EUA, que respondem pelo maior volume de investimentos.

O valor representa um recorde em comparação com 2019, quando a arrecadação do ano todo foi equivalente a R$ 4,8 bilhões. Caroline Bushnell, do GFI, argumenta que o crescente interesse por proteínas alternativas, que inclui opções à base de vegetais e carne cultivada em laboratório, tem ampliado a confiança dos investidores.

“Apesar da instabilidade econômica, das dificuldades no ramo de food service em consequência de uma crise de saúde pública em andamento, há razões para permanecer otimista quanto ao futuro das proteínas alternativas.”

R$ 20 milhões em investimentos contemplam brasileiras

Em março, o Good Food Institute anunciou um investimento equivalente a R$ 20 milhões para fomentar pesquisas no campo de proteínas alternativas. Foram contemplados vinte e um cientistas de nove países, incluindo o Brasil.

De acordo com o GFI, o foco é em pesquisas que buscam desenvolver soluções para melhoramento de sabor, textura, custo e escalabilidade de produtos nessas áreas.

“Se queremos ver produtos vegetais e carne cultivada se tornarem uma parte fundamental da cadeia global de alimentos, é preciso gerar conhecimento científico por meio de pesquisa”, diz Erin Rees Clayton, diretora-associada de Pesquisa e Tecnologia do GFI.

“O sistema global de alimentos está prestes a passar por uma transformação, mas para isso é necessário que a indústria supere desafios tecnológicos significativos que ainda estão presentes como preço comparável, escalabilidade e comercialização”, diz Katherine de Matos, que lidera o Departamento de Ciência e Tecnologia do GFI no Brasil.

Cientistas brasileiras beneficiadas

Dra. Ana Carla Kawazoe Sato, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): neste projeto, a pesquisadora estudará a produção de carne vegetal a partir de proteína extraída da folha da mandioca. Um dos potenciais impactos deste projeto está relacionado à sustentabilidade e à redução de custos de ingredientes de carne vegetal, pois utiliza um resíduo que seria descartado para a extração da proteína.

Dra. Ana Paula Dionisio, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Agropecuária Tropical): o objetivo deste projeto é desenvolver uma tecnologia economicamente viável para transformar os resíduos do caju em carne de origem vegetal. Assim, como um dos benefícios, reduzirá os custos com ingredientes, obtendo valor a partir de um resíduo.

Dra. Caroline Mellinger Silva, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Agroindústria de Alimentos): a pesquisa consistirá na obtenção de proteínas a partir de feijão que serão utilizadas no desenvolvimento de carnes vegetais. Um dos objetivos é otimizar a produção de concentrado e isolado proteico de feijão comum, contribuindo para acelerar o escalonamento de carnes vegetais a partir de um grão muito cultivado.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *