Quando vejo fotos de animais criados para consumo

Há súplica em seus olhos (Foto: Tally Walker Warne)

Quando vejo fotos de animais criados para consumo, a parte mais triste é saber que muitos desses animais existem apenas como retrato uno e paradoxalmente sequente de um momento de grande sensibilidade, um momento que se foi. Muitos deles transmitem inocência, incredulidade, medo, desespero, terror ou ânsia pela vida. Há súplica em seus olhos.

O que vemos nas fotos são criaturas já falecidas, que sequer foram enterradas. Algumas de suas partes foram ingeridas e digeridas; outras se tornaram insumos de produtos que as pessoas usam no cotidiano, sem refletir ou se preocupar com o fato de que “aquilo” um dia pertenceu a um ser que assim como nós também se deslocava, se comunicava, sentia fome, sede.

Há também aquelas partes que foram descartadas como lixo, assim como fazemos com restos de alimentos, com coisas pequenas e insignificantes. Eles morreram, não tiveram uma segunda chance. Vidas curtas interrompidas pela pesporrência. Cumpriram um objetivo que não era o deles, subjugados pela desconsideração e intransigência humana.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

  1. O que sempre me chama a atenção é o olhar…de dor, de tristeza, de solidão. Não existe ninguém que se compadeça deles, de sua dor, de seu medo, de sua solidão abissal…há tanto sofrimento nesse olhar que poderia derreter um iceberg.

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