Quem não é vegano também deve evitar produtos testados em animais

Foto: Grigorenko/iStock

Não são apenas veganos que devem evitar produtos testados em animais, mas qualquer pessoa que tenha uma preocupação com formas mais conscientes de consumo. Afinal, se você pode optar por um produto livre de testes em animais, por que comprar exatamente aquele que é testado em animais?

Há muitos produtos que fazem parte da rotina dos consumidores que são testados em animais, e quantos desses podem ser substituídos por produtos não testados? Acredite, muitos, e há opções até mais baratas. É uma mudança recomendável também para pessoas que alimentam-se de animais.

Afinal, não é o seu paladar ou um vício social que determina o consumo de produtos testados em animais, já que ninguém escolhe consumir um produto “porque gosta de consumir algo testado em animais”, mas sim o hábito de consumi-los sem saber como são produzidos. Quem dirá que, podendo escolher entre um produto testado em animais e outro não, é mais positivo optar pelo primeiro?

É costume acreditarmos que quando um produto chega às nossas mãos, ele passou por importantes etapas no processo de desenvolvimento e produção que garantam sua qualidade. Mas a verdade é que não é bem assim. Do contrário, não teríamos produtos ruins ou nocivos no mercado, além de pouco transparentes em relação a importantes informações que deveriam ser de conhecimento público.

Hoje, por exemplo, o Brasil ainda não tem lei que obrigue os fabricantes a informarem nos rótulos se seus produtos são livres de testes em animais, embora existam antigos projetos de lei que cobrem isso. Mas por que propostas assim não evoluem?

Porque é mais um retrato do descaso político em relação aos interesses dos consumidores. Isso significaria mais transparência, não? Quem pode ser contra transparência em relação à fabricação de um produto? Você seria? Creio que não. Então isso é mais um sinal do quanto a realidade pode ser absurda para nós (consumidores) enquanto é conveniente para outros (fabricantes que só existem porque existem consumidores).

Mas voltemos ao ponto básico da realidade hoje praticável. Se consumimos algo que foi desenvolvido após submeter um animal a avaliações de toxicidade que envolvem privação e dor, mas há outro algo equivalente ou até superior, se tivermos interesse em pesquisar, por que não trocar de produto?

Há uma mudança também por parte dos fabricantes, que quando não testam seus produtos em animais fazem questão de destacar isso na embalagem por entender que há mais interesse dos consumidores nesse tipo de informação.

Hoje as empresas que são mais transparentes em sua rotulagem levam vantagem quando temos como critério o consumo consciente, e todos nós podemos ir nessa direção. É algo que podemos valorizar e aperfeiçoar em nossas vidas, mesmo com limitações econômicas, apegos e outras resistências.

Não precisamos nem devemos nos refugiar em nossas limitações, até porque é quando fazemos isso que beneficiamos principalmente quem leva vantagem sobre a imposição desses obstáculos que julgamos equivocadamente como imutáveis.

Além disso, acredito que quanto mais manifestamos oposição à maneira como produtos são gerados, mais os fabricantes entendem que um mundo de consumidores que apenas aceitam o que eles dizem que devemos consumir vai se deteriorando e abrindo espaço para uma realidade em que é a vontade mais consciente do consumidor que deve ser prevalecente.

Não temos motivos para aceitar que as coisas são como são e devem continuar assim. Se reivindicamos mudanças, após mudarmos nossos hábitos dentro das nossas possibilidades, podemos sim promover importantes transformações se isso tiver um alcance cada vez maior, uma abrangência mais auspiciosa e dignificadora.

Ser contra testes em animais, por exemplo, não é uma premissa somente vegana, mas de qualquer ser humano que reivindica um sistema menos violento de produção ao considerar uma simples questão: “Se um produz algo sem esse tipo de violência, por que outros que produzem algo equivalente insistem que não?”

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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