RZA: “Quando penso em um amanhã melhor, penso no veganismo”

“Estou vivo, minha carne está viva. Por que me dedico a comer algo que está morto?” (Foto: Jonathan Alcorn/Reuters)

No livro “The Tao of Wu”, lançado em 2009, o líder e fundador do grupo de hip-hop Wu-Tang Clan, Robert Fitzgerald Diggs, mais conhecido como RZA, conta que parou de consumir carne vermelha em 1995. Depois ele abdicou do consumo de peixe e frango.

“Me senti como um idiota. Será que eu seria capaz de substituir a carne morta? Então pensei comigo mesmo: ‘Estou vivo, minha carne está viva. Por que me dedico a comer algo que está morto?’ A partir daquele dia, comecei a comer para viver, não para morrer”, relata no livro.

Mais tarde, RZA achou que apenas não consumir carnes, ovos e laticínios era insuficiente. Então ele tornou-se vegano e passou a atuar em defesa dos direitos animais, inclusive participando de diversas campanhas.

“Não há nada neste planeta que não queira viver”

Em 2014, aproveitando o lançamento do álbum “A Better Tomorrow”, o sexto do Wu-Tang Clan, RZA gravou um vídeo para a organização PETA afirmando que não precisa de um animal morto ou pedaço de carne morta descendo pela sua garganta.

“Não há nada neste planeta que não queira viver. Eu via animais como amigos e pareciam felizes em me ver à maneira deles. Tenho certeza de que não queriam estar no meu prato”, narra em referência à sua transição para uma vida mais compassiva.

O músico faz um apelo para que as pessoas se conscientizem “que nós somos o que comemos” e declara que não há como esperar pelo melhor alimentando-se de um boi ou de uma vaca estressada, fadigada e doente. “Quando penso em um amanhã melhor, penso no veganismo”, diz.

Campanha vegana exibida antes de filme da franquia “Star Wars”

Em maio de 2018, RZA estrelou uma campanha pró-veganismo exibida nos cinemas dos Estados Unidos antes da exibição de “Han Solo – Uma História Star Wars”. No vídeo, ele aparece se transformando em diferentes homens, mulheres e animais enquanto fala que todos somos o mesmo.

“Todos nós temos pensamentos e sentimentos. Todos nós sentimos amor, dor, solidão e alegria. Todos nós temos a capacidade de entender, mas nem sempre entendemos. Nos sentimos separados do resto, mas nenhum de nós merece ser tratado com menos respeito. Nossa tarefa deve ser libertar-se do preconceito e nos vermos em todos os outros.”

Em 2019, o fundador do Wu-Tang Clan lançou uma jaqueta puffer feita de plástico retirado dos oceanos. A iniciativa é resultado de uma parceria de sua marca 36 Chambers que, por razões éticas, não utiliza nem comercializa nada de origem animal, com a marca vegana alemã Embassy of Bricks and Logs (EBL).

No mesmo ano, RZA lançou uma carteira vegana feita de fibras de folhas de bananeira. Além do material considerado ecológico e sustentável, o design é inspirado nos espíritos japoneses das florestas. Segundo a 36 Chambers, todo o processo de produção da carteira, desde a obtenção da matéria-prima até a entrega do produto final é fiscalizado para garantir práticas de “comércio justo”.

“Nenhum animal precisa morrer pra eu viver, ok?”

Também em 2019, durante participação no podcast Joe Rogan Experience, que tem 10,8 milhões de inscritos, ele falou sobre veganismo e resumiu sua principal motivação para não consumir alimentos e outros produtos de origem animal.

“Para ser honesto com você, mano, acabei de acertar o ponto aqui, a realidade de como me sinto: nenhum animal precisa morrer pra eu viver, ok?”

Já em junho deste ano, a marca de queijos e cremes vegetais Violife em parceria com RZA lançou nos EUA o Plant Grants, um programa de apoio financeiro para restaurantes oferecerem opções veganas. A iniciativa a empreendedores negros que estão enfrentando dificuldades em consequência da pandemia de covid-19.

Matéria atualizada em 09/07/2021. 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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