Santuário transforma realidade de mais de 300 animais no RS

Fernanda Ellwanger de Lima fundou o Santuário Voz Animal em Eldorado do Sul (RS) em 16 de setembro de 2017 (Fotos: Divulgação)

Patos, galinhas, cães, gatos, mulinhas, vacas, porquinhos, um cavalo e uma ovelha. Somando todos, são mais de 300 animais, e cada um tem uma história, que se difere ou se repete, de abandono, maus-tratos e exploração.

Hoje o que eles também têm em comum é um lar onde são livres para manifestarem suas necessidades, vontades. Ou seja, são tratados como indivíduos que são, dignos de direitos, com suas peculiaridades e inerências.

Essa é a realidade dos animais que vivem no Santuário Voz Animal, fundado por Fernanda Ellwanger de Lima em Eldorado do Sul (RS) em 16 de setembro de 2017.

De lá pra cá, Fernanda, que resgata animais há mais de dez anos, transformou o sítio da família no lar onde muitos animais receberam carinho pela primeira vez – incluindo aqueles que acabam no matadouro para serem reduzidos a pedaços de carne.

A fundadora do Voz Animal conta que em 2016 aceitou tutelar três porcos resgatados de um abatedouro clandestino na região metropolitana de Porto Alegre.

“Eles chegaram pequeninos, mas logo cresceram muito, e os gastos para dar um mínimo de estrutura aos animais ditos de produção são imensos. Ali eu percebi que precisava de ajuda”, revela.

Apadrinhamento e doações

Com o apoio de amigos e estudantes de comunicação, criou a identidade visual do projeto e desenvolveu inúmeras sistemáticas para resgates, tutela, proteção e processos de adoção.

Hoje, dos mais de 300 animais que vivem no santuário, 150 são aves (entre patos e galinhas). Os custos para manter todos os animais chegam a 15 mil reais por mês, incluindo alimentação, manutenção de espaços, limpeza, tratamentos veterinários e pagamento de funcionários.

Parte da verba sai do bolso da Fernanda, que hoje batalha para conquistar independência financeira para o santuário. A ONG também realiza campanhas de arrecadação para empreitadas específicas, como a recente vaquinha de inverno que buscou ajudar em melhorias para proteger os animais do rigoroso inverno gaúcho.

Um meio de contribuir com esse trabalho é escolher um animalzinho através do site do santuário (santuariovozanimal.com.br/apadrinhe) para apadrinhar e auxiliar com uma quantia mensal fixa que parte de R$30.

O santuário também está aberto a doações de roupas para cães e gatos, cobertas, caminhas, casinhas, rações e medicamentos.

“Temos cerca de 20 voluntários envolvidos na parte administrativa, de adoções, arrecadações, comunicação e campanhas. Há também voluntários envolvidos nas visitas dos padrinhos e madrinhas que ajudam a manter o projeto. No entanto, vale lembrar que o espaço não é aberto a visitações no geral”, acrescenta a fundadora.

Santuário ganhou projeção nacional em 2019

O Santuário Voz Animal ganhou projeção nacional após o resgate do Porquinho Pingo, que em 9 de julho de 2019 foi encontrado às margens da BR-290, em Eldorado do Sul (RS), por uma família de agricultores.

Sem conseguir movimentar a parte traseira do corpo, foi diagnosticado com fratura da espinha dorsal com ruptura total da medula, o que significava que Pingo nunca mais voltaria a andar. A lesão teria sido provocada pela provável queda de algum transporte que o levava a um matadouro ou criadouro.

Diante da gravidade do problema, os veterinários que fizeram o primeiro atendimento de Pingo recomendaram eutanásia. Apesar dos prognósticos desanimadores, o Santuário Voz Animal, que tutelou o animal a pedido da família que o encontrou, decidiu buscar novas opiniões sobre o estado de saúde de Pingo.

Um veterinário especialista em ortopedia animal revelou que, apesar da gravidade do problema, Pingo poderia ter uma vida feliz no santuário se alguns tratamentos e cuidados fossem tomados.

Recuperação e popularidade

Foram necessários três longos meses de fisioterapia em uma clínica especializada em Porto Alegre. O drama do porquinho paraplégico chamou a atenção nas redes sociais, e muitas pessoas se disponibilizaram a ser “casa de passagem” para ele até que o tratamento terminasse e pudesse ser levado em definitivo para o Santuário.

As pessoas que se revezaram como hóspedes e protetoras ficaram conhecidas como “as mães do Pingo”. Passado o período de tratamento, ele finalmente conheceu o santuário em 20 de setembro de 2019, onde vive com outros animais.

Por sua condição especial, um terreno foi preparado com casa, grama, areia macia e muita laminha para que pudesse viver plenamente como um porquinho livre.

Hoje, Pingo também faz sucesso nas redes sociais. Fotos e vídeos do cotidiano do Porquinho são postados nas contas do Instagram (@pingodecompaixao) e Facebook (fb.com/pingodecompaixao), e muitos seguidores já anunciaram que deixaram de comer carne por causa de sua história.

Saiba Mais

Para saber mais sobre o santuário, acesse santuariovozanimal.com.br ou acompanhe o trabalho da ONG no Instagram (@sant_vozanimal) e Facebook (fb.com/santuariovozanimal).

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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