Sue Coe: “Animais criados para consumo são estuprados toda vez que são inseminados”

Em um vídeo com duração de cinco minutos disponibilizado pela revista ArtForum com a artista vegana Sue Coe, referência internacional em artivismo em defesa dos direitos animais, ela conta que sua transição para o veganismo ocorreu nos anos 1970.

“Éramos uns dez. Agora metade do corpo discente nos lugares onde leciono é formada por veganos”, explica a artista que gosta de abordar os direitos animais na arte também com pessoas que ainda não veem os animais como sujeitos de direitos.

“Os animais criados para consumo são estuprados toda vez que são inseminados. Dizer ‘sinto vontade de estuprar uma criança agora’ seria aceitável em qualquer outro movimento de justiça social? Não. O erro de dar ‘passos de bebê’ em direção ao progresso aconteceu em quase todos os movimentos de justiça social, e a libertação animal não é diferente. No entanto, não pode haver ‘passos de bebê’ nesse movimento porque não há ‘passos de bebê’ para um animal que vai para um matadouro. Eles são bebês e estão sendo massacrados.”

Segundo Sue Coe, a libertação animal deve sempre ser encarada como questão de justiça social, o que ela tem afirmado de forma enfática nas últimas décadas. “Sempre promovi a abordagem abolicionista, a erradicação de todo o uso [de animais]. Para mim, não há diferença entre alguém que trabalha no matadouro e alguém que compra produtos de origem animal. Eles são moralmente análogos. Exceto que um geralmente é mais pobre”, destaca, concluindo que costuma ser aquele que trabalha para um frigorífico.

“Sempre se diz que o bem-estar é uma panaceia que supostamente tornará as coisas melhores a longo prazo, mas não é. É por isso que minha mensagem carrega um elemento de desesperança. Mas há algo mais: uma dignidade na luta.”

Sue Coe gosta de definir seu trabalho como “arte para pessoas que estão na linha de frente na luta pelos direitos animais”. “Essa é minha família: uma comunidade de ativistas que não são artistas, mas que querem usar a arte como arma. É quem me diz se algo está funcionando e como posso tornar minha arte mais eficaz. Alguns dos meus trabalhos são propaganda direta; parte disso é jornalismo visual”, destaca.

“Fui artista editorial por muitas décadas – é isso que devo ser. Aos 16 anos, comecei a trabalhar para jornais. Mas em algum momento isso mudou porque decidi fazer minhas próprias pesquisas e ter meus próprios livros em vez de ilustrar as palavras de outra pessoa.”

Para Sue Coe, a arte sempre tem que ir além do drama humano e das questões humanas. “Tem que ser sobre justiça social para todos os animais, incluindo nós. Inicialmente, fiz essa conexão quando criança na Inglaterra após a Segunda Guerra Mundial, crescendo em torno de ruínas bombardeadas e morando ao lado de um matadouro. Quando criança, fui forçada a ver a correlação entre guerra, violência e fascismo, e crueldade e abuso de animais. Assim que percebi essa conexão, muito cedo, percebi que o outro está sempre em risco.”

A primeira resenha no New York Times sobre o trabalho de Sue Coe a definiu como uma artista feminista, já que ela sempre abordou também outras questões, além dos direitos animais.

“As pessoas perguntam: ‘Como é ser uma artista mulher?’ Como é a sensação de não ser? A resposta mais séria à pergunta sobre o conteúdo feminista em meu trabalho é que o vejo como um movimento burguês controlado pelas classes dominantes nos EUA.”

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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