Tom Warrior: Não há justificativa para o consumo de carne

“A verdade é que temos agido como insaciáveis, parasitas egoísticos, desde que deixamos as cavernas”, lamentou (Foto: Getty)

O músico suíço Thomas Gabriel Fischer, mais conhecido como Tom Warrior, fundador de duas das mais lendárias bandas de metal extremo da história – Celtic Frost e Hellhammer –  concedeu uma entrevista ao portal alemão Voices From the Dark Side em setembro de 2012. Na ocasião, ele falou sobre vegetarianismo, veganismo e direitos animais.

“É da minha opinião que enquanto os seres humanos existirem neste planeta haverá violência, crueldade, injustiça e ganância. Embora eu deseje o oposto, é claro. Mas a verdade é que temos agido como insaciáveis, parasitas egoísticos, desde que deixamos as cavernas”, lamentou.

Apesar disso, Tom Warrior crê que hoje há mais pessoas se tornando mais conscientes e adotando mudanças em prol de uma vida não apenas mais saudável, mas também mais ambientalmente adequada e mais respeitosa em relação aos animais.

“É mais fácil obter informações importantes do que antes. E também é um sinal positivo vermos tantas pessoas públicas engajadas, como músicos, em mudarem suas maneiras de viver. No entanto, ainda há uma enorme montanha a superar”, afirmou em entrevista ao portal dinamarquês.

Com um estilo de vida simples, classificado como espartano, Tom Warrior, que está envolvido no cenário do heavy metal desde 1982, explicou que nunca sente necessidade de comprar alimentos caros. O que ele mais gosta de comer pode ser encontrado em muitos lugares. Sua única preferência é por mercados que comercializam comida vegetariana saudável.

“Não é um problema ser vegetariano hoje”

“Não é realmente um problema ser vegetariano hoje, mesmo em turnê. Há tantos vegetarianos em tantas bandas. A maioria dos festivais bem organizados oferece pratos vegetarianos mesmo que as bandas não peçam. Dito isso, há sempre uma estranha e ignorante exceção. Porém, é algo que reflete mais sobre eles do que sobre nós”, declarou.

Se alguma pessoa conversa com Tom Warrior e faz questão de dizer que não aprova sua maneira de viver, ele apenas a ignora, sem perder tempo com conflitos desnecessários. “Tornar-se vegano é uma decisão individual e privada de cada indivíduo. Se alguém decide ir por esse caminho, eu apoio sua decisão”, acrescentou.

Para Tom Warrior, o veganismo merece apoio porque reprova o extermínio de animais. E para além do discurso, o suíço já participou de muitas ações em defesa dos animais. “Além do meu envolvimento em organizações, a minha vida toda tenho tentado salvar animais em condições terríveis. Os cães que tutelo, por exemplo, foram resgatados de situações abusivas”, assinalou em entrevista ao especial vegano “Welcome to Health”, do Voices From the Dark Side.

Tom Warrior qualificou tudo isso como natural, levando em conta que foi criado em uma casa cheia de animais, o que permitiu que mais tarde ele entendesse que os seres não humanos também têm direito à vida e devem ser respeitados.

“Amo os animais e me tornei incapaz de justificar qualquer consumo de carne, comparando os fatos e a realidade da indústria que massacra os animais. Detesto o egoísmo e a ilimitada cobiça que os seres humanos ostentam neste planeta compartilhado por todos.”

“Nunca senti o couro aumentando minha virilidade”

Embora viva como um straight edge, Tom Warrior nunca deu a si mesmo tal título. Ele apenas tenta levar uma vida que considera a mais justa possível. “Não bebo, não fumo, não uso drogas, não sou tatuado e nunca tive um carro; são decisões pessoais. O único remédio que tomo é para ajudar a regular os efeitos da minha diabetes”, frisou.

O músico suíço acha ridículo quando fãs ou músicos de heavy metal associam o uso de couro com a virilidade. “Nunca senti o couro aumentando minha masculinidade. Estou tão feliz com roupas feitas de outros materiais”, ponderou. Muito influente no cenário do metal extremo, Tom Warrior é apontado como um dos pioneiros do vocal gutural. Em 2008, ele fundou a banda Triptykon, com quem lançou os álbuns “Eparistera Daimones” e “Melana Chasmata” em 2010 e 2014, além do EP “Shatter”, de 2010; e do single “Breathing”, de 2014.

No entanto, o que lhe proporcionou reconhecimento no cenário mundial do heavy metal foi o EP “Apocalyptic Raids”, lançado em 1984 com a banda Hellhammer, considerado um dos melhores registros da história do metal extremo. Mais tarde, o seu prestígio aumentou ainda mais quando ele lançou os álbuns “Morbid Tales”, de 1984; “To Mega Therion”, de 1985; e “Into the Pandemonium”, de 1987, com a sua banda Celtic Frost.

“Milhões de animais estão sendo mortos todos os dias para satisfazer as necessidades daqueles que comem carne. Estamos nos chamando de ‘civilizados’ e, no entanto, ser civilizado implica humildade, modéstia, compreensão do contexto ambiental global e respeito pelas necessidades e direitos dos outros habitantes deste planeta, que estão aqui há mais tempo do que nós”, criticou.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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