Veganismo ganha cada vez mais espaço em Taiwan

Marcha vegana contra o consumo de animais em Taipé, Taiwan (Foto: Taiwan News)

Em 2017, a CNN classificou Taipé, a capital de Taiwan, como uma das melhores cidades do mundo para veganos. Mas por qual motivo? Na cidade, além de não ser incomum evitar o consumo de carne, há um incentivo de respeito ao meio ambiente e aos animais humanos e não humanos – e isso aparentemente independe de classe social.

De acordo com o organizador da “Meat Free Monday Taiwan”, Yu-chuan Chang, que há mais de dez anos promove o veganismo, em Taiwan as pessoas te ouvem quando você fala respeitosamente sobre o impacto do consumo de carne – as consequências para as florestas tropicais, animais, oceanos e à terra.

Segundo o Taiwan Panorama, o resultado disso é que atualmente mais de 2,3 mil escolas de ensino fundamental e médio já realizam a campanha “Segunda-Feira Sem Carne”, e assim os estudantes passaram a consumir mais de sete milhões de refeições vegetarianas por dia. De certa forma, o que favoreceu e facilitou essa mudança é o fato de que as duas principais religiões de Taiwan são o budismo (com mais de oito milhões de seguidores) e o taoismo (com mais de sete milhões).

“O conceito de vegetarianismo entre os taiwaneses evoluiu inicialmente a partir de fatores religiosos, para um número crescente de pessoas preferindo uma dieta vegana por razões como defesa dos animais, saúde e meio ambiente”, informa Chang.

A estimativa é de que dois estabelecimentos vegetarianos ou veganos são abertos em Taiwan por mês. Além disso, não são raros os casos de estrangeiros trabalhando na terra dos cinco mil templos que acabam se tornando vegetarianos ou veganos por influência do meio. O que contribui substancialmente também é a variedade de opções vegetais típicas de Taiwan, e o fato de que frutas, legumes e outros vegetais são abundantes o ano todo.

Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, o CEO da Wilderness Foundation Formosa, Jen-shiu Hsu, que defende uma revolução verde, conta que hoje em dia os produtores taiwaneses já estão preferindo produzir alimentos sem fertilizantes – priorizando a “agricultura natural” e contribuindo para o bem-estar humano, animal e para o meio ambiente. Hsu diz que o desejo voraz da humanidade excede em muito as necessidades concretas da sobrevivência humana e, para lucrar, o ser humano destrói de forma imprudente florestas e coloca em prática enormes e desnecessários projetos de construção.

“A fim de reduzir o custo da criação de gado, adicionaram à sua alimentação farinha de ossos feita a partir de carcaças de bovinos, resultando em surto de doenças como a vaca louca. Mas com o surgimento da filosofia vegana em Taiwan, muitas questões ambientais e de saúde podem ser resolvidas”, garante o CEO da Wilderness Foundation Formosa.

Os jovens também têm feito à sua parte, segundo o Taiwan Panorama. Um grupo intitulado “Wusdom”, composto por dezenas de voluntários, tem percorrido todas as regiões de Taiwan para ajudar a difundir os direitos animais e o veganismo. Inclusive são os idealizadores de uma campanha chamada “Seja Vegano por 30 Dias”, que já levou considerável quantidade de taiwaneses à abstenção do consumo de produtos de origem animal. Outro ponto a favor o veganismo é que atualmente as marchas contra a exploração de animais em Taipé têm reunido centenas de pessoas.

 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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