2021: 1,56 bilhão de frangos, suínos e bovinos morrem no Brasil em três meses

A indústria não considera mais números de animais do que de “peso acumulado de carcaças” (Fotos: Aitor Garmendia/Tras Los Muros)

De acordo com um levantamento concluído neste mês de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,569 bilhão de frangos, suínos e bovinos foram abatidos no Brasil somente no primeiro trimestre de 2021.

Isso significa 523 milhões de mortos em um mês, 17,43 milhões por dia, 726 mil por hora e 12,1 mil por minuto. Ou seja, pode-se concluir que em 60 segundos mais de 12 mil animais criados para consumo e enviados para o matadouro já não estarão vivos. É chocante, não?

Também surpreende saber que no Brasil o abate desses animais não está diminuindo, mas sim crescendo. Em relação aos suínos, que totalizaram 12,53 milhões de mortes entre janeiro e março deste ano, houve aumento de 4,9% em comparação com o mesmo período de 2020.

Também é estranho, embora previsível, reconhecer que esse volume de mortes não é classificado no contexto da indústria da carne como “indivíduos abatidos”, até porque eles não são reconhecidos nesse contexto como indivíduos.

Você consegue imaginar?

A indústria não considera mais números de animais do que de “peso acumulado de carcaças”. Afinal, o que importa nessa cadeia de produção e consumo é a quantidade de carne que cada corpo sem vida pode gerar de lucro.

Por exemplo, em três meses, 12,53 milhões de suínos mortos somaram 1,15 milhão de toneladas de carcaça – que é o número mais importante para a indústria da carne. Em relação aos frangos, que são as maiores vítimas desse sistema em volume de indivíduos, o total chegou a 1,55 bilhão, e aumento de 2,4% de mortes no primeiro trimestre de 2021.

A única redução no comparativo com o mesmo período do ano passado envolve os bovinos, com queda de 10,3% no abate. Ainda assim, o total chegou a 6,54 milhões. Pensando em todos esses números, você consegue imaginar essa quantidade de corpos sem vida se fossem estendidos em algum lugar logo após a degola?

Os prós e os contras 

Acredita-se que, assim como ocorreu em 2020, o aumento do número de abate de frangos e suínos aumentou porque o poder de compra da população caiu. O que significa uma resposta a uma mudança de demanda – menos consumo de carne bovina e mais de frango e porco.

Ou seja, mesmo em tempos de crise, há animais que tendem, em relação a volume, a sofrer mais em consequência do anseio por carne dos consumidores do que outros. No entanto, será que isso deveria ser assim? A população não deveria ter seu poder de compra reduzido, assim como não deveríamos matar tantos animais apenas por costume, por uma predileção que pode ser modificada ou adaptada.

Afinal, mesmo quando somos condicionados a consumir carne, e a vemos como parte importante da nossa alimentação, podemos reconsiderar isso se avaliarmos de forma honesta os prós e os contras para nós e para os outros.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

  1. Em matéria de alimentação nada mudou desde a primitividade da barbárie, ainda que o verniz da civilização nos considere os racionais que não preferimos ser e os superiores que estamos a anos luz de alcançar.

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