93% das principais empresas de carnes e laticínios não reduzem contribuição ao desmatamento

Foto: Greenpeace

Um relatório divulgado ontem (1) pela rede internacional Farm Animal Investment and Risk Return (Fairr) destaca que a indústria de carnes e laticínios não leva a sério o impacto do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa. Um exemplo disso é que ainda hoje apenas 18% dos produtores globais rastreiam suas emissões parciais de metano.

A Fairr aponta que grandes empresas que formalizaram uma promessa de zerar suas contribuições ao desmatamento – como McDonald’s, JBS e Marfrig – não têm como cumprir isso porque não fiscalizam suas próprias cadeias de fornecedores terceirizados, que são responsáveis por até 90% do desmatamento associado à compra de gado.

O relatório também aponta que apenas 9 dos 49 principais criadores de gado medem suas emissões parciais de metano, o que significa que também não estão agindo para diminuí-la. “As emissões anuais de metano da pecuária global representam 44% das emissões antropogênicas globais do gás e exigiriam uma floresta cobrindo cerca de três quartos da América do Sul para sequestro de metano.”

Além disso, 93% das principais empresas de carnes e laticínios não estão reduzindo suas contribuições ao desmatamento – o que significa 42 de 45. A Fairr cita que a brasileira Minerva, por exemplo, que fornece soja (para ração animal) de áreas de desmatamento de alto risco, como o Cerrado, não tem uma política para mitigar o desflorestamento. E problema semelhante estende-se a outras grandes empresas.

“Mesmo empresas como JBS, Marfrig e Minerva não têm conhecimento sobre a produção de seus fornecedores indiretos. A Marfrig informa que 53% de suas compras de gado na Amazônia vieram de fornecedores indiretos.”

Distante dos objetivos 

Jeremy Coller, presidente e fundador da Fairr, além de diretor de investimentos da Coller Capital, diz que o cenário é bastante preocupante.

“Não podemos cumprir os compromissos estabelecidos na [Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas] COP26 sem considerar a cadeia de abastecimento de proteínas. O foco mais político e regulatório na indústria de alimentos agora é inevitável, mas atualmente apenas 20% dos gigantes da carne e dos laticínios medem parte de suas emissões de metano. Isso deve ser uma bandeira vermelha para os mercados, dado o compromisso da COP26 de reduzir globalmente o metano em 30% até 2030.”

Segundo Coller, a realidade atual, que evidencia falhas no manejo do metano e descontrole do desmatamento, gera uma sensação de que “bois e vacas são o novo carvão”, considerando o impacto ambiental.

Saiba Mais

O metano é até 30 vezes mais potente do que o dióxido de carbono. Cada bovino libera o equivalente a 30 a 50 galões por dia.

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

  1. Faz sentido. Abastecimento de proteínas é proridade, galera, porque o povão não pode morrer de fome, he he. O planeta que se dane e não se fala mais nisso.

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