A exploração animal concentra-se em prisões

Foto: Andrew Skowron

A exploração animal concentra-se em prisões. Não é uma afirmação exagerada, sensacionalista. Inúmeras pesquisas sobre o assunto afirmam que mais de 70% dos animais criados para fins de consumo no mundo são submetidos a prisões (há quem evite usar essa palavra e recorra a eufemismos na reprodução de discursos hegemônicos).

Afinal, como dizer que criar um animal em confinamento não é aprisionamento? Você diria que não ter liberdade de mínima saudável circulação e ser submetido a um “tratamento” que visa somente o lucro de alguém que o qualifica como um “bem móvel”, e que depende de uma demanda de consumo, não é ser criado em um cativeiro, em uma prisão?

Refiro-me a animais mantidos principalmente em espaços que impedem a manifestação de comportamentos naturais básicos; que são criados amontoados. Não é difícil concluir que viver amontoado desencadeia respostas emocionais dolorosas como ansiedade, estresse e conflitos extenuantes com quem divide o mesmo pequeno espaço.

Não somos apenas nós que sofremos diante de uma condição não natural de vida. Outras espécies também, ainda que resultados de inaturalidade ou vítimas de concepções inaturais. Mesmo que sejam condicionados a gerar produtos ou são criados para atingir um “nível de excelência como produto”, tais animais não perdem todas as características que remetem aos seus ancestrais.

E, ainda que sejam tratados como produtos, eles não são em essência produtos. Se estão aqui, querem manifestar seus anseios, querem exercitar suas capacidades; querem socializar de forma adequada, querem ter controle sobre si mesmos. Ou seja, querem viver à sua maneira. Mas o sistema alimentar não permite isso, porque não os reconhece dessa forma.

Então muito cedo esses animais passam por mutilações que impedem, por exemplo, que em situações de estresse extremo suas reações violentas tenham as piores consequências. Porém, é moral mutilar animais por benefício econômico ou por predileção alimentar? Não é a reação violenta um resultado de uma condição não natural de vida? Não há nada natural sobre a criação desses animais, que também sofrem consequências do aperfeiçoamento genético, e se estão aqui e agem assim é porque eles rejeitam essas prisões. Quem não rejeitaria?

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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