Arte de Roger Olmos é um convite à compaixão pelos animais

Ilustrações: Roger Olmos

Assim como muitas pessoas de diferentes partes do mundo, o que motivou o ilustrador espanhol Roger Olmos a recusar-se a continuar contribuindo com a exploração de animais por meio do consumo foi o documentário “Terráqueos”, de Shaun Monson, com narração do ator Joaquin Phoenix. A experiência transformou sua vida de tal maneira que Olmos virou vegetariano no mesmo dia e vegano três dias depois.

Mais tarde, ele levou a defesa dos direitos animais para a arte, e até hoje o trabalho mais emblemático que representa sua oposição à exploração animal é o livro “Sin Palabras” ou “Sem Palavras”, concebido por sugestão de sua companheira. A obra publicada em 2014 atraiu elogios da renomada primatologista Jane Goodall e do premiado escritor sul-africano J.M. Coetzee, vencedor do Nobel de Literatura de 2003.

Não é difícil encontrar as ilustrações de Roger Olmos. É possível que você já tenha conhecido o seu trabalho se já procurou por “arte vegana” ou “arte em defesa dos direitos animais” no Google ou em redes sociais. Suas criações destacam-se por um estilo inconfundível que realça o absurdo da realidade.

O trabalho de Olmos dialoga principalmente com o público mais jovem ao conceber personagens que, estimulando a curiosidade a partir de formas fantásticas e ricas em cores, visam inspirar e aperfeiçoar a empatia e compaixão.

Um convite para exercitar a consciência e a sensibilidade

Suas ilustrações sobre a nossa relação com os animais são um convite para que o espectador exercite a consciência e sensibilidade ao abrir-se para uma realidade tão comum e ao mesmo tempo tão estranha.

É valorosa a maneira como ele tenta captar o sentimento e o estado dos animais que subjugamos às nossas vontades. A percepção de sua obra pode ser definida como um manifesto pela compaixão.

Indiferença, tristeza, alheamento, desconexão e dor são estados que não deveriam permear nossas convenientes ações em relação às outras espécies apenas porque não são humanas. Essa é uma das lições das ilustrações de Olmos que também mostra a importância de reconhecer a beleza dos animais que negligenciamos porque não estamos habituados a enxergá-los como são em consequência da primazia do costume.

Uma vaca que é vista como uma caixa de leite para consumo humano enquanto o bezerro é mantido à distância sem mamar, bovinos a caminho do matadouro tentando aplacar a sede com pingos de água da chuva, assim como a concepção de que somos como robôs quando rejeitamos o fato de que os animais sofrem e morrem para a breve satisfação do nosso paladar, são exemplos nas obras de Roger Olmos de que precisamos com urgência enxergar os animais para além de produtos e de criaturas que deveriam existir para nos servir.

Uma preconceituosa atribuição de utilidade

Eles estão além do que acreditamos que sejam por uma preconceituosa atribuição de utilidade, segundo suas ilustrações. Somos gulosos, intransigentes e implacáveis em relação a essas criaturas não humanas, mas podemos mudar, porque nada disso seria possível sem um endosso massivo dessas práticas.

Quando o trabalho de Olmos realça o gigantismo arbitrário de nossas más ações contra os animais, ele também reforça a nossa pequenez em relação à empatia e respeito que também deveriam ser compartilhados com aqueles que, sem nossa intervenção, não conseguem evitar o cruel destino imposto pela humanidade.

Há tristeza e beleza no trabalho do ilustrador espanhol sobre a exploração animal. A primeira diz respeito à realidade (visível embora como se não fosse por força da conveniência) e a segunda à nova percepção que as pessoas podem ter dos animais a partir de suas ilustrações que são motivadoras se observadas com franca predisposição.

Saiba Mais

Roger Olmos é colaborador da Fundação para o Aconselhamento e Ação em Defesa dos Animais (FAADA), sediada em Barcelona. Seu interesse pela ilustração foi despertado muito cedo, no ateliê de seu pai, onde costumava vê-lo desenhar e pintar.  Hoje uma referência em ilustração, Olmos classifica o seu livro “Sin Palabras” como “um dos mais importantes e pessoais de sua carreira”.

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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