Artista evidencia crueldade do consumo de animais

Ilustradora se tornou vegana depois de assistir a palestra “Melhor discurso que você irá ouvir”, do ativista vegano Gary Yourofsky

O ilustrador estadunidense Coy Jacobs estava assistindo vídeos no YouTube quando, por uma casualidade, se deparou com a palestra “Melhor discurso que você irá ouvir”, do ativista vegano Gary Yourofsky.

A experiência, que define como “um tapa na cara”, o forçou a rever seus hábitos e valores envolvendo exploração e consumo de animais. O impacto foi tão grande que no dia seguinte Coy Jacobs decidiu tornar-se vegano.

Na realidade, foi além, e hoje é mais conhecido como Cynical Coyote, pseudônimo que adotou como artivista em defesa dos animais, depois de ver na arte uma ferramenta política capaz de promover mudanças.

A maior parte de suas ilustrações tenta captar os sentimentos dos animais diante da nossa indiferença. Algumas trazem uma carga satírica que desvela a nossa hipocrisia em relação a tantas criaturas sencientes que reduzimos a alimentos e outros produtos.

Em uma de suas obras mais conhecidas (a primeira da imagem principal), Cynical Coyote explora o fato de que a realidade da violência contra os animais é rejeitada por um fator cultural, que nos cega para as implicações de nossas ações.

Ou seja, “fazemos isso há tanto tempo que não temos motivos para mudar”, e motivamos nossos filhos a trilharem esse caminho; assim ignorando tanto o crescente aumento da violência contra os animais reduzidos a alimentos, como também as implicações disso para um planeta com uma população crescente.

Em algumas ilustrações, ele substitui a carne que as pessoas mais consomem pelas imagens dos animais que a originam depois de mortos, fatiados e, de maneira bastante cômoda, disponíveis ao alcance do consumidor sem a necessidade de confrontar os olhos dessas vítimas.

Afinal, ainda que haja o reconhecimento da violência e da morte, sabemos que muitas pessoas preferem não saber de que forma isso ocorre – o que é uma defesa pela manutenção de hábitos. Em síntese, “se sei que a violência existe, mas não a vejo, isso torna mais fácil ignorá-la, não confrontá-la”.

Seja usando poucas cores, que evidenciam algo bastante sombrio na relação humana com os animais, ou muitas – explicitando as consequências físicas da violência, Cynical Coyote cumpre o seu papel de chocar, no mínimo, os consumidores que não foram embrutecidos pela naturalização da crueldade contra os animais.

Já aos demais, talvez seja também uma oportunidade de reencontrar a empatia que rejeitamos a partir de nossa própria história de subjugação de tantas espécies vulneráveis que matamos pela inequívoca primazia do paladar.

Acompanhe o trabalho de Cynical Coyote no Instagram – clique aqui e aqui.

 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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