Brasil bate recorde em matança de frangos e porcos

Como a carne desses animais têm custo menor do que a carne bovina acabam sendo mais procuradas pelos consumidores (Fotos: Tras Los Muros/Aitor Garmendia)

No Brasil, quando há queda na matança de bovinos, normalmente o abate aumenta em relação a frangos e porcos.

Como a carne desses animais tem custo menor do que a carne bovina acabam sendo mais procuradas pelos consumidores. Em consequência, há um incremento do número de mortes de aves e suínos criados para consumo. Ou seja, mais violência.

Em 2020, por exemplo, com base em dados do IBGE, podemos afirmar que houve redução de 8,5% do abate de bovinos em relação a 2019, mas tenha em mente que ainda assim foram mortos 29,7 milhões, o que significa 2,47 milhões por mês.

Por outro lado, o número de suínos mortos em 2020 cresceu 6,4%, chegando ao recorde de 49,3 milhões de porcos que tiveram suas vidas interrompidas para serem comercializados como pedaços de carne no açougue – mais de 4,10 milhões de mortos por mês.

Seis bilhões de frangos mortos 

Também não houve queda no número de frangos abatidos, mas sim o contrário, com aumento de 3,3% e um recorde de mortos de 6 bilhões, segundo dados do IBGE amparados em análise da série histórica iniciada em 1997. Só nos últimos três meses de 2020 foram abatidos 1,6 bilhão de frangos.

Em média, 500 milhões por mês e 16,6 milhões por dia. Os números contribuem para mantê-los na posição de maiores vítimas terrestres do interesse humano por proteínas de origem animal.

Segundo o supervisor do IBGE para pesquisas da produção pecuária, Bernardo Viscardi, esse aumento é justificado pelo fato da carne de frango ter valor mais acessível do que as demais.

Vidas reduzidas a produtos

Vale lembrar que o processo de redução dessas aves a pedaços de carne, e que nesse sistema não vivem mais do que um mês e meio, consiste em degola, escaldagem, depenagem e evisceração; e mutilação, gotejamento e resfriamento.

Após todo esse processo, que transforma vidas em produtos, o consumidor pode ir ao açougue comprar carne de frango sem considerar toda a privação e sofrimento precedente àquela disponibilidade, e que também não pode ser dissociada de violência quando pensamos em carne suína e bovina.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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