Cãozinho luta pela vida após ser baleado em BH

No dia 23 setembro, o cãozinho Billy foi visto baleado no bairro Trevo, na região do Nova Pampulha, em Belo Horizonte (BH). Dois dias depois, a jornalista Alessandra Costa, após ser avisada por um amigo, conseguiu encontrá-lo e resgatá-lo. Billy estava muito machucado e sangrava.

De acordo com vizinhos, o ataque ao cão teria ocorrido quatro dias antes. Foi preciso contar com a ajuda de pessoas que o alimentavam na rua para resgatá-lo. Ele estava extremamente assustado e debilitado.

“Billy se rendeu completamente. Ele estava exausto e muito doente. Não tentou fugir, pelo contrário – parecia entender que estava sendo salvo. No caminho para a clínica veterinária, ele seguiu quietinho e adormeceu”, conta Alessandra.

No primeiro atendimento de Billy foi constatado que ele estava desidratado, desnutrido, com uma forte infecção no local da ferida causada por tiro e febre muito alta. Demonstrava sentir muita dor também. No dia seguinte à sua internação, a clínica fez um raio-x da face do cão e verificou a presença de, pelo menos, 14 projéteis ou estilhaços – ainda não se sabe ao certo, pois o exame mostra que o material não é pequeno. Isso chocou a todos, inclusive veterinários.

Billy está internado desde então. Ele apresentou uma anemia forte, o que está impossibilitando a realização da cirurgia, necessária para a retirada dos projéteis. Na última segunda (3), exames foram feitos para avaliar a necessidade de uma transfusão de sangue. E na quarta-feira (5), o resultado apresentou um quadro delicado para o cão que foi diagnosticado com erliquiose, babesiose e leishmaniose, impossibilitando, de fato, que seja submetido à cirurgia no momento.

De acordo com outros relatos recebidos por Alessandra, Billy teve uma tutora, moradora da região, que o teria abandonado nas ruas, mas não conseguiu mais detalhes sobre a história. Com relação ao ataque sofrido por ele, conta que recebeu informações de não ter sido o primeiro cão a ser baleado na região. Outros dois animais, vítimas do mesmo tipo de agressão, teriam vindo à óbito. Há um homem apontado como o possível suspeito dos crimes, cujos dados estão sendo passados à polícia para abertura do inquérito e mantidas em sigilo, por recomendação policial.

Vale ressaltar que a crueldade contra os animais não humanos é vedada pela Constituição Federal, por meio de seu artigo 225, e também pela Lei dos Crimes Ambientais (9605/1998), em seu artigo 32, que prevê penas de detenção e multas para quem praticar abuso, maus-tratos, ferir e mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos.

Além disso, conforme a Lei nº 14.064, de 2020, quando tratar-se de cão ou gato, a pena para os devidos crimes será de reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda, aumentada de um sexto a um terço, se ocorrer morte do animal.

Alessandra também procurou o vereador Miltinho CGE, conhecido por seu trabalho como protetor de animais, para ajudar a dar visibilidade ao caso.

“Percebi a gravidade do caso de Billy quando os veterinários me mostraram o raio-x. A truculência contra ele me indignou profundamente e iniciei uma campanha. Criamos o perfil no Instagram @amor.de.billy, com o intuito de arrecadar doações – já que os custos pós-resgate são elevados e temos tentado, com muita dificuldade, manter os animais que resgatamos e, que ainda não foram adotados com todos os cuidados, já que nosso trabalho é totalmente voluntário”, explica a jornalista

Com base no resultado dos últimos exames, os veterinários que estão acompanhando seu caso decidiram aguardar uma melhora para que possa ser marcado o procedimento cirúrgico. O cãozinho encontra-se internado na clínica, desde seu resgate, no dia 25 de setembro.

A torcida por sua recuperação tem crescido e, ele será colocado para adoção responsável, após se recuperar totalmente. “O sofrimento de Billy não pode ser esquecido. É preciso indignação, e que o caso dele se torne paradigmático no combate à violência contra os animais”, destaca Alessandra.

Ela espera que a campanha “Amor de Billy” cresça e sensibilize o maior número de pessoas. “Não é possível fechar os olhos para tanta crueldade contra os animais, como as que temos visto diariamente. Cabe a todos nós cobrar e exigir das autoridades que isso seja rigorosamente punido, que políticas públicas sejam de fato implementadas e que existam movimentos de conscientização e proteção animal. Em especial, eu espero contar com apoio de todos para que o responsável seja devidamente punido. Não podemos permitir que seja mais um crime contra um cão que ficará impune!” desabafa Alessandra.

Daniela Sousa é responsável pela assessoria de comunicação do movimento Brasil Sem Tração Animal e Direito Animal Brasil (Dabra).

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