A China sacrificar mais de 900 mil porcos afetados pela febre suína também é um problema de quem consome carne

A China é hoje o maior produtor de carne suína, que responde por 51% da produção mundial (Foto: Thinkstock)

O Ministério da Agricultura da China informou na semana passada que no país já foram sacrificados mais de 900 mil porcos afetados pela febre suína africana. A doença, que aparentemente não tem cura, atingiu 24 províncias e regiões desde agosto de 2018, totalizando mais de cem áreas de foco de transmissão, segundo a Reuters.

A China responde por 51% da produção mundial de carne suína – abatendo mais de 700 milhões de porcos por ano, e simplesmente para consumo. Esse cenário de alta produtividade e confinamento intensivo favorece o surgimento de doenças, já que são consequências da modernização no processo de industrialização da agricultura animal.

Sobre o assunto, a plataforma One Green Planet explica que mais da metade dos porcos do mundo vivem hoje na China e muitos deles estão em fazendas industriais, onde são mantidos em instalações com espaços bem reduzidos para cada animal, já que a meta é produzir o maior volume de carne no menor tempo possível. E essa realidade, aliada às más condições inclusive de higiene em que vivem os animais criados para consumo, favorece o surgimento de doenças. Sendo assim, quem come carne financia esse processo.

Afinal, a febre suína africana tem relação direta com os hábitos de consumo humano, já que a alta demanda por carne de porco motiva a criação desses animais nessas situações. Além disso, não se pode ignorar que dezenas de outras doenças que atingem diferentes espécies de animais reduzidos a produtos surgiram ou se agravaram em decorrência da demanda por carnes, ovos e laticínios, e também a industrialização da agricultura animal.

Além da febre suína, outros exemplos são botulismo, enterotoxemia, dermatomicose, laminite, intoxicação por ureia, timpanismo, cisticercose, dermatite, pododermatite, clostridiose, acidose (aumento do ácido lático no rúmen), poliencefalomalácia, peste suína, doença de Aujesky, rinite atrófica, brucelose, doença de Glässer, doença do edema, enteropatia proliferativa, doença de Newcastle, salmonela, laringotraqueíte infecciosa, entre outras. Enfim, consequências de um mercado consumidor que hoje, mais do que nunca, obriga os animais a viverem em condições de vulnerabilidade e alta exposição ao surgimento de doenças.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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