Como sofrem os animais em laboratórios

Ilustrações: Jane Lewis

Enquanto refletia sobre os milhões de animais usados em laboratórios a cada ano, sentiu imenso desconforto. “São prisioneiros, criaturas selecionadas pela conveniência para finalidades em que a menor resistência é também sinal de inocência. E inocência é critério de seleção porque facilita subjugação.”

Lembrou que isso tem acontecido por tanto tempo e questionou-se por que ainda hoje não há tanta oposição quanto poderia ou deveria. “Ora, por que não somos nós”, concluiu. “A humanidade sempre subjugou os mais vulneráveis.”

Olhando para uma pintura de Mouchy, de 1832, sentiu o que definiu como um mínimo de experiência da miséria não humana captada com honestidade.

“A indiferença humana retratada ainda subsiste em nosso tempo – onde os olhos voltam-se para os objetivos, não para as vítimas e suas dores. Afinal, se não existisse, não teríamos tantos animais usados em experiências que não dizem-lhes respeito, e sobre as quais jamais manifestaram interesse em participar. E como comprometemos a saúde desses pobres infelizes que, quando considerados inúteis, são sacrificados.”

Em sua mente, tudo gritava hipocrisia. “Com a tartufice de sempre, dizem com dissimulação que devemos usá-los para ‘essenciais experiências’ em nosso benefício, sendo que seus organismos não são os nossos, mas devemos esperar que os resultados revelem alta compatibilidade? Não é uma antinomia? Negamos-lhes direitos pelas diferenças, mas os subjugamos sob alegação de semelhanças e convergências? Se podem ter reações análogas, manifestam dor e reagem às substâncias e a todos os tipos de condicionamentos que envolvem o sofrer, já não deveríamos tê-los libertados desse domínio tão brutal e incoerente do experimento animal?”

Considerou ainda todos os tipos de testes e experiências de que ouviu falar em que usavam principalmente mamíferos, que são os preferidos para o maior número de violações e abusos para ciência e consumo.

“O que pensar dos medicamentos para uso animal que tiveram substâncias testadas em outros animais? Que preservemos a saúde de muitos adoecendo e matando muitos outros? Que coerência! Não posso furtar-me desta conclusão.”

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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