Coretta King via o veganismo como uma extensão da luta pela não violência

“Eu viajei com a senhora King, uma vegana, para um centro de emagrecimento na Flórida. Ao longo de uma semana, não comemos nada além de vegetais crus” (Foto: Hulton Archive/Getty Images)

Em 4 de fevereiro de 2006, a escritora e professora estadunidense Barbara A. Reynolds publicou no jornal The Washington Post um artigo sobre quem era Coretta Scott King, muitas vezes definida somente como a esposa do ativista Martin Luther King Jr. Coretta foi muito mais do que isso.

Ela era uma ativista desde a adolescência e em 1995 tornou-se vegana por reconhecer que a oposição à exploração animal não poderia ser desconsiderada por quem passou a vida toda lutando por justiça e igualdade.

“Viajei com a senhora King, uma vegana, para um centro de emagrecimento na Flórida. Ao longo de uma semana, não comemos nada além de vegetais crus. E por anos, ela jamais se esqueceu de me enviar um cartão de aniversário”, conta Barbara.

Segundo Erin Zimmer, do DCist, de Washington, Coretta King, assim como o filho Dexter King, via a luta pelos direitos animais e o veganismo como uma extensão lógica da luta pela não violência.

Mudança natural 

Para Stephanie Ernst, do portal All-Creatures, de defesa dos direitos animais, a mudança de Coretta foi muito natural, tratando-se de alguém que teve uma vida compassiva, apaixonada e extraordinária.

Após o assassinato de Martin Luther King Jr. em 4 de abril de 1968, Coretta empenhou-se em preservar o legado do marido ao liderar a construção do King Center e lutar pela criação de um feriado nacional em homenagem a ele.

“Antes de eu ser uma King, eu era uma Scott. Éramos proprietários de terras e pensadores independentes. Se eu fosse uma mulher fraca e temerosa, Martin teria sido forçado a recuar em suas campanhas. Eu trouxe não apenas o espírito de discernimento de minha mãe para o nosso casamento, mas também a força que herdei de meu pai”, argumentou em entrevista a Barbara Reynolds.

“Devemos usar o amor para triunfar sobre o ódio”

Na década de 1950, Coretta usou seu talento como cantora e realizou concertos para arrecadar fundos para as campanhas do marido. “Talvez muita gente não saiba que eu era uma ativista porque a mídia não estava me assistindo”, justificou.

Em 1942, quando ainda era uma criança, ela viu a própria casa ser incendiada por um grupo de brancos racistas no Dia de Ação de Graças. Apesar disso, seu pai, assim como seu avô, jamais sentiu ódio ou tentou se insurgir contra os agressores.

“Seu exemplo de perdão ampliou minha compreensão de que devemos ter o compromisso de usar o amor para triunfar sobre o ódio”, ponderou.

Saiba Mais

Coretta King nasceu em 27 de abril de 1927 em Heiberger, Alabama, e faleceu em 30 de janeiro de 2006 em Rosarito Beach, no México.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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