Deputados querem anular decreto que facilita criação de peixes em confinamento em águas da União

“O decreto afronta pelo menos duas normas consolidadas no marco jurídico da proteção ambiental do país” (Foto: Acervo Amusuh)

Conforme apurado pela VEGAZETA, um projeto de decreto legislativo apresentado ontem (17) na Câmara e assinado por 13 deputados visa anular decreto do governo federal que facilita a aquicultura, o que inclui a criação de peixes em confinamento, em águas da União e sem exigir análise de impacto ambiental.

O objetivo do governo seria “ajudar a desburocratizar” a atividade comercial no Brasil. Por isso, tornou na segunda-feira (14) uma obrigação algo desnecessário por meio do Decreto 10.576/2020.

“O decreto afronta pelo menos duas normas consolidadas no marco jurídico da proteção ambiental do país. A primeira é de natureza constitucional, e a segunda incide sobre a Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas, promulgada e internalizada no direito ambiental pátrio”, justificam os deputados no Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 564/2020.

“Mecanismo essencialmente de mercado”

E acrescentam: “Ao permitir em águas continentais e marinhas a utilização de espécies alóctones e exóticas, ainda que condicionada à autorização do Ibama, entra em choque com o mandamento constitucional que estabelece no inciso VII, do Art.225, a incumbência ao poder público de proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.”

Segundo o deputado João Daniel (PT-SE), que assina como coordenador do PDL, o decreto do governo transforma a cessão de uso de espaços físicos em corpos d’água da União em um mecanismo essencialmente de mercado, isento de contrapartidas ambientais e sociais.

“Na prática, a nova norma dificulta o acesso a esses espaços pelas comunidades tradicionais e demais grupos sociais que dependem dos recursos hídricos como meio de vida, e que reivindicam sua proteção como um bem comum à coletividade.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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