Educação climática será essencial para empregos do futuro

Combater a mudança climática tem potencial para gerar 18 milhões de empregos líquidos até 2030 (Foto: iStock)

A transição para uma economia neutra em carbono exigirá novas habilidades, treinamento e qualificações. Muitos novos empregos surgirão e outros terão que ser adaptados. Isso torna a educação climática para a força de trabalho atual e futura uma prioridade que os países precisam abordar com urgência.

O alerta foi feito na semana passada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) que pede que o apoio à educação e à conscientização sobre o clima façam parte da ação contra a mudança climática.

“Os efeitos da mudança climática vão alterar a estrutura de empregos. Novos empregos e novas famílias de empregos surgirão, outros desaparecerão ou se tornarão insustentáveis e as empresas terão que encontrar maneiras de organizar o trabalho e a produção de maneira diferente”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Ryder elogiou a organização Earthday.org e seus parceiros, a Confederação Sindical Internacional (ITUC) e a Education International (EI), por destacarem a questão da educação climática no Dia da Terra (22).

“A educação e a conscientização sobre o clima são fundamentais para fazer uma transição justa para economias verdes que garantam um futuro sustentável para as atuais e novas gerações”, disse.

Mudanças no mercado de trabalho

A OIT estima que o aumento das temperaturas devido à mudança do clima pode levar à perda de 80 milhões de empregos até 2030, sendo os países pobres os mais atingidos. Adotar medidas ambiciosas para combater a mudança do clima pode criar mais e melhores empregos, com um potencial de 18 milhões de empregos líquidos até 2030, devido à adoção de medidas no setor de energia.

As empresas precisarão de trabalhadores bem treinados e com o conjunto certo de habilidades para reduzir a intensidade de carbono da produção. Elas precisarão investir na preparação de seus trabalhadores para uma nova e desafiadora mudança técnica e tecnológica, tornando o ambiente de trabalho um local de aprendizagem ao longo da vida na transição ecológica.

O diálogo social é também uma ferramenta essencial para garantir uma mudança suave na formação de competências profissionais, a fim de facilitar a mobilidade dos trabalhadores e garantir a sua proteção social em um mundo do trabalho em rápida transformação.

A próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática COP26, que ocorrerá no Reino Unido, será um momento importante para reiterar a importância da conscientização climática, pois somente ferramentas educacionais adequadas irão preparar a força de trabalho de hoje e no futuro para enfrentar os desafios impostos pela mudança do clima.

O exemplo da África

Embora gere uma baixa parcela das emissões globais de carbono, o continente africano é altamente vulnerável às mudanças climáticas.

De acordo com a OIT, o aquecimento global e o estresse causado pelo calor levarão à perda de quase 5% do total de horas de trabalho somente na África Ocidental – o equivalente a nove milhões de empregos em tempo integral. A vulnerabilidade climática também pode reduzir os rendimentos da agricultura, afetando milhões de empregos e meios de subsistência.

Rico em minerais, como lítio, níquel, cobalto, cobre e ferro – necessários para veículos elétricos e maquinários, o continente tem todos os elementos necessários para “vencer a batalha contra as mudanças climáticas”, junto com o potencial de gerar cerca de dois milhões adicionais empregos.

A África abriga a Bacia do Congo, a segunda maior floresta tropical do mundo, que absorve quantidades significativas das emissões globais de dióxido de carbono causadas pela atividade humana e possui 60% das terras aráveis ​​do mundo. Segundo a agência da ONU, “isso poderia conduzir a um nova revolução agrícola verde e sustentável.”

Além disso, o continente é o lar da Grande Muralha Verde – a maior estação de energia solar do mundo, localizada no deserto marroquino – e tem o potencial de usar seus recursos oceânicos para o desenvolvimento econômico sustentável.

“Com ativos como estes, a África pode ter um futuro mais sustentável, com mais e melhores empregos”, disse a OIT. A agência alerta ainda que, por ser um dos principais produtores de petróleo, carvão e gás natural, o continente precisa, ao mesmo tempo, acabar com sua dependência de combustíveis fósseis, o que poderia levar à perda de cerca de dois milhões de empregos.

Com sua população jovem e dinâmica, vastos recursos naturais e engajamento político e social, a OIT acredita que “a África oferece soluções para o mundo para impulsionar a inovação e a criação de empregos verdes ”.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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