Imagens que expõem o sofrimento animal são importantes

Foto: Essere Animali

Imagens que expõem o sofrimento animal institucionalizado têm o propósito de motivar as pessoas a refletirem sobre essa realidade. Não encaro essas imagens como um problema.

Seria um problema se elas não existissem e a violência contra os animais não pudesse ser vista como é por tanta gente que nunca teria contato com essa realidade.

Se hoje quem a contesta ainda é minoria, embora uma minoria crescente, sem essas imagens, seria muito pior. Costumo dizer que qualquer desconforto diante do sofrimento dos animais jamais pode ser comparado ao deles de vivê-lo.

Imagens, como representações dessa realidade, que partem de um registro testemunhal, são importantes, porque podem não transformar o mundo da maioria, mas sem dúvida transformará pelo menos o daqueles que têm predisposição a uma mudança.

Como seria se não houvesse exposição da subjugação animal para consumo e vivêssemos em um mundo em que ninguém contesta o que os animais vivem?

Ou seja, seriam explorados, violados e mortos e as imagens que conheceríamos seriam somente as “oficiais”, que fazem com que acreditemos que não há nada de errado em criar tantos animais para explorar e matar, ainda que ausente de viés de imprescindibilidade.

Sem dúvida, pessoas podem ficar incomodadas com as imagens e julgarem o fotógrafo, ignorando que a veracidade da imagem depende exatamente do quanto ela existe para ser uma reprodução o mais próxima possível da realidade, logo o seu papel não é interferir no cenário, e sim evidenciá-lo, destacando que a mudança estrutural depende do espectador.

Afinal, essas imagens não costumam ser “sobre um indivíduo”, “sobre uma realidade específica” com a qual devemos nos preocupar porque é sobre “uma vida”. Não, são sobre um chamamento para reflexão sobre algo muito mais amplo, que é a continuidade da validação do sistema de subjugação não humana. Ou seja, devemos prezar por sua manutenção ou fazer oposição? É a pergunta que as imagens evocam.

Como cada um reagirá depende de como essas representações da realidade são assimiladas. Alguns podem acreditar em exposição de “exemplo de exceção”, ainda que “a exceção não exista sem que haja esse sistema”, o que torna a percepção um conveniente ardil.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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