Investigação expõe eletrocussão de porcos nos matadouros

As condições em que os porcos vivem nesse sistema cada vez mais industrializado e intensivo de criação de animais e produção de carne refletem facilmente as consequências da supressão da identidade animal (Foto: Animal Equality)

Em investigação recente, a organização Animal Equality registrou em vídeo mais um retrato da realidade dos porcos nos matadouros. Ou seja, o caminho que eles são obrigados a trilhar para que as pessoas possam consumir bacon e outros diferentes cortes de carne suína.

Com duração de menos de um minuto e meio, o vídeo apresenta ao espectador a origem da carne que a maioria consome sem refletir sobre todo o processo por trás do produto até chegar ao seu prato.

O espectador é apresentado a suínos em confinamento. São animais assustados que incapazes de recuarem ao próprio destino, mas ansiando pela liberdade, acabam agredidos para seguirem adiante na pista da morte.

Aqueles que hesitam a caminho do abate são agredidos com bastões de choque elétrico. Como se isso por si só já não fosse uma representação da crueldade dos matadouros, os suínos têm dispositivos fixados em seus corpos e cabeças e são eletrocutados até perderem os sentidos.

Aqueles que caem no chão são seguidamente degolados, e os mais resistentes, se esvaem em sangue enquanto trazem nos olhos a expressão de seu próprio estado de consciência – mesmo após a degola que subtrai a vida com brevidade que parece eterna.

O diretor de investigação da Animal Equality, Sean Thomas, disse que mesmo depois de 15 anos acompanhando a realidade dos matadouros, ele continua se surpreendendo com a forma como os animais são tratados e objetificados pela humanidade.

As condições em que os porcos vivem nesse sistema cada vez mais industrializado e intensivo de criação de animais e produção de carne refletem facilmente as consequências da supressão da identidade animal – que dilui vidas como se jamais tivessem existido.

E dessa forma, estimula a negação de que todos esses animais vulneráveis abatidos são indivíduos que amargam as consequências do alto consumo de carne – que impõe cada vez mais sofrimento aos animais, e permite que mais e mais porcos sejam abatidos em um menor período de tempo. Em decorrência disso, não há como negar que são criaturas privadas de qualquer mínimo direito.

Porcos ainda preservam inúmeras características de seus ancestrais

Embora tenham mudado a partir de manipulação genética, os porcos ainda preservam inúmeras características de seus ancestrais, principalmente a inteligência e a consciência daqueles que viviam livremente em florestas.

Muito parecidos com os cães nesse aspecto, os porcos são animais sociáveis que nascem com aptidão para interagir e viver em grupo, não de forma isolada.

Por uma questão cultural, em nossa sociedade um cão mantido confinado em um pequeno espaço o dia todo é visto como vítima de uma grande crueldade. Por outro lado, essa é a realidade comum dos suínos criados para consumo.

Ou seja, tal reprovação não é partilhada em relação a animais que são vistos como fontes de produtos. Equivocadamente por isso muitos daqueles que sabem da exploração e privação vividas por essas criaturas não os consideram como seres com direito à vida.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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