Leitãozinho para o Natal

Encolhia-se num canto – cão e gato já dentro de casa (Foto: iStock)

Havia um leitãozinho sendo engordado para o Natal, mantido no quintal – preso no cercadinho. Assistia cão e gato indo de um lado ao outro – ia e voltava. Queria brincar.

Enfiava o focinho corado entre as estacas. Cheirava pra sentir alguma coisa. Esfregava orelhas. Olhava pra cima e a chuva caía pesada, torrente. Encolhia-se num cantinho – cão e gato já dentro de casa.

Tremia no cercadinho descoberto. Não conseguia pular – pernas curtinhas que afundavam na lama. Sentia frio – gemia no cantinho. As horas passavam, chuva gelada não.

Tentava procurar cão e gato. Olhos não encontravam – só a mantinha na janela. De manhã, só restava um corpinho gelado e arroxeado, sem vida, hipotermia. Dizem que chega outro amanhã, de raça mais resistente.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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