Pesquisar
Close this search box.

Luzes de Natal, um terror para as aves

Exagero na iluminação natalina prejudica muitos animais

Observando as decorações natalinas, logo percebemos que grande parte concentra-se no uso de muitas luzes, de muita iluminação artificial. Tudo isso é feito para a apreciação humana. Ainda hoje, mesmo quando se fala em cuidados com o ambiente, principalmente o espaço urbano continua sendo pensado somente como um espaço humano.

Mas e os outros animais? Será que são considerados? Já que o exagero na iluminação pode confundir aves, pode incomodá-las nos espaços escolhidos como abrigo por elas; pode interferir em seu relógio biológico e alterar seus ciclos de descanso ou promover sua expulsão de lugares com os quais as espécies domésticas já estão acostumadas.

Há muitos lugares em muitas cidades em que a iluminação natalina é instalada em novembro e retirada somente em janeiro. Alguém pode dizer que esses animais podem sair dali e ir para outro lugar, claro, mas não invalida o apontamento de que a consideração concentra-se no interesse humano em relação ao ser humano.

É pouco provável também que exista um cuidado com a poluição luminosa em todas as árvores repletas de iluminação nas calçadas; assim como em verificar se não há ninhos próximos, se não há animais que utilizam esse espaço e que podem ser afetados pela decoração natalina. Iluminação em excesso também afeta o senso de direção das aves e altera suas percepções em relação ao período do dia.

Quando isso é desconsiderado, apenas reforça a ideia de que, por mais que em outras épocas ou mesmo nesta as pessoas possam notar a presença de outros animais, ouvir seus cantos, observar seus voos, suas chegadas em quintais, é como se houvesse um apagamento se na proximidade com o Natal tudo é feito sem considerar também o bem-estar desses animais.

Parte do problema está em pensar a vida urbana como se fosse somente vida humana, e como se a consideração por animais não humanos devesse restringir-se aos domésticos que estão em casa e talvez aos não domésticos que estão nos chamados espaços naturais. Sempre há outras vidas a serem consideradas ao nosso redor, vidas não humanas que também prezam pelo próprio bem-estar.

Leia também “É estranho observar aves em um galpão e saber que logo serão mortas“, “Em defesa das gaiolas vazias“, “Animais não devem viver em gaiolas“, “Por que crianças que admiram aves comem aves?” e “Ninguém precisa de travesseiro com penas de ganso“.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *