Maxim Gorky e o vegetarianismo russo

Tolstói e Gorky em Yasnaya Polyana, no oblast de Tula, em 1900 (Foto: Sophia Andreyevna Tolstaya)

Pioneiro da chamada literatura proletária, o escritor russo Maxim Gorky (1868-1936) era vegetariano e tinha predileção por vegetais em salmoura ou vinagre, kasha com água e aveia com frutas, além de sopas. Um de seus grandes amigos era o escritor Liev Tolstói, que, além da sua influência na literatura mundial, se tornou a mais importante referência na formação do vegetarianismo ético na Rússia do final do século 19 e início do século 20.

Gorky e Tolstói realizavam e participavam de encontros vegetarianos; e supostamente acreditavam no vegetarianismo como um caminho que, entre outros benefícios, poderia ajudar a somar na reparação das injustiças sociais. Maxim Gorky também tinha amizade com o pintor realista russo Ilya Repin e com a autora e sufragista Natalja Borísovna Nordman-Severova, que eram vegetarianos.

A autora Daria Aminova escreveu que os hábitos alimentares de Gorky não eram diferentes dos hábitos de um típico camponês russo da época. Uma das histórias mais simbólicas do compromisso do escritor russo com a abstenção do consumo de animais foi registrada em abril de 1906, quando ele chegou aos Estados Unidos. Na ocasião, Maxim Gorky participou de um jantar e ao seu lado estava uma mulher que insistia para que ele comesse carne:

“Talvez um pedaço de frango?” ofereceu a senhora. “Não, obrigado”, respondeu o escritor gentilmente. “Uma fatia de presunto?”, continuou. “Não, muito obrigado”, respondeu mais uma vez. “Uma fatia de vitela então?” Como a mulher não parava de oferecer-lhe carne, Gorky acabou perdendo a paciência: “Não, eu não como nada disso. E se eu começar a comer carne, provavelmente será humana e crua!”

Em 1935, Maxim Gorky recebeu em Moscou, na Rússia, o seu amigo e também escritor vegetariano Romain Rolland, Prêmio Nobel de Literatura em 1915. Juntos, visitaram Josef Stalin para pedir que ele parasse com a repressão contra seus opositores. Gorky faleceu no ano seguinte, sob circunstâncias suspeitas, embora no seu registro de óbito conste que sua morte foi em decorrência de pneumonia.

Referências

Aminova, Daria. 5 russian vegetarian writers. Russia Beyond (2016).

Gorky, Maxim. Reminiscences of Tolstoy, Chekhov and Andreev.  L. and Virginia Woolf at the Hogarth Press (1934).

Shulga, Alexey. The History of Russian Veganism: In A Nutshell. Vegan Publishers (2015).

Zweig, Stefan. Romain Rolland – The Man and his Work (1921).

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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