Documentário expõe triste realidade dos testes em animais

“Maximum Tolerated Dose” aborda as controvérsias dos testes em animais (Foto: jo-Anne McArthur/We Animals)

Lançado em 2012, o documentário canadense “Maximum Tolerated Dose” ou simplesmente “MTD” continua sendo uma importante referência para quem quer conhecer a realidade dos testes em animais. Dirigido por Karol Orzechowski, e que conta com a participação da fotojornalista Jo-Anne McArthur, o título do filme é uma alusão a um termo bastante comum quando se fala em experimentação animal. Ou seja, a dose máxima tolerada é aquela em que uma alta dose de uma substância química é administrada a um grupo de indivíduos sem provocar a morte, pelo menos não em curto prazo.

Mas para chegar a MTD, que é uma baliza de segurança para consumo humano, animais humanos e não humanos são sujeitados a testes. Mas os não humanos figuram como as maiores vítimas. A organização Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA) fala em mais de 100 milhões de vítimas não humanas por ano. A Cruelty Free International fala em mais de 115 milhões. Já a organização ProCon diz que só nos Estados Unidos são 26 milhões.

O documentário, que se destaca também pela lisura fotográfica, mostra imagens reais de testes em animais, inclusive de investigações. Somos convidados a conhecer a vida de humanos e não humanos que participam dessas experiências. Além de um olhar sobre a realidade das vítimas, há também testemunhos de cientistas e técnicos de laboratório. “MTD pretende reacender o debate sobre testes em animais, trazendo perspectivas raramente ouvidas”, informa a realizadora Karol Orzechowski.

Talvez um dos pontos mais controversos do filme, que é mais factual do que passional, seja o reconhecimento de vários pesquisadores de que, para além da privação e do sofrimento impostos aos animais, os resultados dos testes são pouco confiáveis. É impossível assistir “Maximum Tolerated Dose” sem associá-lo com tantos produtos que são testados diariamente em animais e em diferentes partes do mundo.

Ainda mais considerando que nesse caso a suposta segurança humana é baseada na insegurança não humana, na violação da integridade física, psicológica e emocional de tantos animais. Por outro lado, é alentador testemunhar que há animais que tiveram uma segunda chance fora dos laboratórios.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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