Animais não devem ser vistos como fontes de produtos

É injusto contribuir para a legitimação de uma relação de conveniência e exploração de outras espécies (Fotos: Jo-Anne McArthur/We Animals/Eyes On Animals)

Não devemos consumir nada de origem animal se nosso objetivo é não endossar nenhum tipo de exploração animal. Mesmo tutelando animais comumente explorados pela indústria, jamais me alimentaria de qualquer coisa de origem animal. Também não usaria nada proveniente de seus corpos. Então alguém pode me perguntar se isso não seria exagero.

Não, porque se eu “tratasse um animal bem” e me apropriasse de algo dele, mesmo que na minha crença eu não o explorasse, isso significaria que há uma relação de conveniência, e que ele também possui uma função que é me beneficiar.

Também significaria que não há problema em consumir ou usar o que veio dele, e que não foi produzido para o meu benefício. Sendo assim, estou mandando uma mensagem para outras pessoas de que está tudo bem se fizerem o mesmo.

Relação de conveniência 

O problema surge por um motivo bem simples. Em um mundo com uma população de 7,8 bilhões de pessoas, essas falsas necessidades só poderiam ser atendidas em níveis industriais, logo a violência se torna uma impossibilidade. Além disso, a legislação permite que animais utilizados como fonte de alimentos e outros produtos sejam mortos mais cedo ou mais tarde. Ou seja, quando for mais conveniente para seus “criadores”.

Não me considero especial, não acho que tenho o direito de fazer isso. Então, mesmo na minha casa, por exemplo, comendo o ovo da “minha galinha” ou bebendo o leite da “minha vaca”, eu estaria dizendo ao mundo:

“Olha, se eu posso fazer isso, vocês também podem.” E assim teríamos uma cadeia industrial que explora animais à exaustão, que é a nossa realidade atual. Então, sim, de certo, há quem considere “radical” não se alimentar de animais. Porém, aceitável é continuar fazendo o oposto?

Isso significa contribuir direta ou indiretamente para a legitimação de uma relação de conveniência que endossa uma obtusa ideia de que a exploração e morte de outras espécies podem ser justificáveis considerando benefícios que levam em conta apenas interesses humanos.

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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