Ninguém conseguia mais matar animais para comer

Foto: Kari Mattila

Ninguém conseguia mais matar animais pra comer. No matadouro, a pistola não disparava, a lâmina não cortava, nenhuma violência funcionava.

Tiveram de liberar os animais. Quando subiram no caminhão, as laterais da carroceria desfizeram-se, transformando-se em rampas.

Os bichos desceram e foram embora. Observou mangueiras e cercas deitando e o número de animais aumentando.

Acompanhou até onde deu e desistiu de contar. Sem tentativa de captura, sem laço, sem tiro, sem má intervenção humana.

“Pra onde vão?”, perguntou uma criança, com a voz sumindo, já longe de volume crescente de passos. “Onde vocês querem morar?”

Com os animais, sumia o interesse de matar e comer. Arrastavam estranhas vontades sem fazer força, só de passagem.

Era uma passagem sem hora pra acabar, que transformava o que atravessava, ladeava ou aspirava.

“Vão chegando agora?” Sempre agora. E falavam dos animais de antes e do depois, que não mudavam conforme mudavam, não eles, nós.

Quando os animais sumiram, olharam em volta – ficou uma ausência, que não era uma. “E era de vida? Ou de dor?” Coçou o olho, andou pra lá e pra cá e nada.

“Quem disse que estar é melhor do que não estar?” Acalmou a curiosidade e deixou de pensar no sumiço dos animais. “Que foram pra onde foram…”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

  1. É melhor deixar os animais viverem suas vidas em paz. Nosso planeta tem mais de 500 mil plantas comestíveis e saudáveis. Jesus, o criador de tudo que existe nunca autorizou o consumo de carnes de animais senão por pouco tempo por ocasião do dilúvio universal que ocorreu há cerca de 5000 anos atrás. Sugiro que todos aprendam sobre as grandes vantagens de ingerir somente o que foi destinado a alimentação humana que está no primeiro capítulo da Bíblia e vejam também no youtube “Conselhos sobre o Regime Alimentar”

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