Chefe da ONU defende fim dos subsídios aos combustíveis fósseis

Subsidiar combustíveis fósseis significa gastar o dinheiro de contribuintes para “impulsionar furacões, espalhar secas, derreter geleiras, branquear corais: destruir o mundo” (Foto: Getty Images)

“É necessário taxar a poluição, não as pessoas, e acabar com os subsídios para combustíveis fósseis”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no final do mês passado durante a Cúpula Mundial da Coalizão R20, uma organização ambiental apoiada pela ONU e fundada por Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia.

A ideia de subsidiar combustíveis fósseis como uma maneira de melhorar a vida das pessoas não poderia estar mais errada, disse o chefe da ONU na capital da Áustria, Viena. Subsidiar combustíveis fósseis significa gastar o dinheiro de contribuintes para “impulsionar furacões, espalhar secas, derreter geleiras, branquear corais: destruir o mundo”, declarou Guterres.

Ele pediu também a descarbonização de infraestruturas urbanas, uma pausa na construção de minas de carvão e a promoção de consumo e produção sustentáveis. “Em resumo, precisamos de uma economia verde, não de uma economia cinza.”

Financiar uma sociedade “pós-carbono”

Na preparação para a Cúpula da ONU sobre o Clima, em setembro, o secretário-geral encarregou o presidente da França, o primeiro-ministro da Jamaica e o emir do Catar de mobilizar apoio internacional para assegurar a meta de 100 bilhões de dólares.

O valor foi aceito por Estados-membros da ONU na Conferência de Paris sobre o Clima, em 2015, e é necessário para avançar medidas climáticas de mitigação e adaptação no mundo em desenvolvimento.

Investidores precisam parar de “financiar a poluição, ampliar empreendimentos verdes e aumentar empréstimos para soluções de baixa emissão de carbono”, insistiu, acrescentando que o setor privado e comunidades de investimentos precisam apoiar uma “agenda climática ousada e ambiciosa”, à medida que ações climáticas não são boas apenas para pessoas e para o planeta, mas também podem ser boas para os negócios.

“Lado positivo da nuvem ameaçadora”

Relembrando sua recente viagem a Tuvalu, um Estado insular no Pacífico Sul que corre o risco de ser inundado pelos crescentes níveis dos oceanos, Guterres destacou o fato de que “raramente um dia se passa” sem notícias de outro desastre, como enchentes, secas, incêndios florestais e tempestades extremas.

No entanto, há um “lado positivo da nuvem ameaçadora”, porque, embora a situação atual seja extremamente séria, a mudança para uma economia verde irá render benefícios profundos para as sociedades do mundo todo, com ar e água mais limpos, menos poluição e uma agricultura livre de produtos químicos.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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