Paul McCartney: “Percebi que eu estava tirando a vida dos animais”

“O mais interessante é que hoje é tão fácil ser vegetariano” (Acervo: PETA)

O cantor e compositor britânico Paul McCartney, que já participou de inúmeras campanhas em defesa dos animais, incluindo a narração do documentário “Glass Walls”, contou em entrevista à jornalista Barbara Ellen, publicada no The Guardian em 18 de julho de 2010, que abdicou do consumo de carne no início dos anos 1970, quando ele e a esposa Linda estavam comendo um assado durante o jantar.

O casal observou pela janela alguns cordeiros e reconheceu que eles transmitiam alegria. Sensibilizados com a cena, perderam o interesse em comer carne. “Foi como se a ficha tivesse caído, a lâmpada acendeu. Vimos que poderíamos apenas desistir disso. Percebi que eu estava tirando a vida dos animais”, disse.

McCartney costuma enfatizar que Linda, falecida em 1998, foi sua principal influência para abdicar do consumo de carne. Sua esposa também motivou muitas outras pessoas por meio de seus livros de receitas. “Ela tinha um jeito, uma força não agressiva, e muitos de nossos amigos viraram vegetarianos por causa disso”, explicou.

Em outra ocasião, quando estava pescando em um rancho em Nashville, nos Estados Unidos, Paul puxou um peixe para fora da água e viu que o pequeno animal lutava pela própria vida. Normalmente, ele teria dito: “Sim, você é meu jantar!”, mas naquele dia o desfecho foi diferente: “Apenas pensei: ‘Realmente estou matando você e sei o que posso fazer sobre isso. Então o tirei do gancho, o soltei e disse: ‘Aí está, camarada!”

“O mais interessante é que hoje é tão fácil ser vegetariano”

O compositor britânico relatou em entrevista à organização Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA), publicada em 21 de abril de 2008, que se surpreende com o fato de que a maioria das organizações ambientais jamais cita a adesão ao vegetarianismo ou veganismo como uma das medidas mais importantes para ajudar a reduzir o aquecimento global.

“O mais interessante é que hoje é tão fácil ser vegetariano. É um passo simples, mas extremamente efetivo, que muitas pessoas poderiam dar para ajudar o meio ambiente e melhorar a sua própria saúde”, argumentou.

Segundo Paul McCartney, a vida silvestre e muitos dos lugares mais belos do planeta estão sendo destruídos em consequência dos nossos excessos. “É algo que pode ser interrompido, e há sinais esperançosos de que as pessoas estão começando a perceber que isso deve ser feito [adesão ao vegetarianismo] para garantir um futuro melhor para nossos filhos e os filhos deles”, declarou.

Impacto da pesca comercial

Em entrevista a David Frickle, publicada na revista Rolling Stone em 10 de agosto de 2016, o compositor britânico revelou que não frequenta a rede de fast-food McDonald’s porque é incompatível com seus ideais. O que também sempre gerou estranheza em McCartney é que muitas pessoas pensam que vegetarianos comem peixes:

“E quando você considera a poluição marinha e os danos enormes aos nossos oceanos em decorrência da pesca comercial, fica mais óbvio ainda que um estilo de vida vegetariano pode melhorar muito o nosso meio ambiente e ajudar a salvar os oceanos.”

McCartney, assim como muitos, foi criado como um típico consumidor de carne, mas isso não impede que as pessoas façam escolhas melhores, que beneficiem os animais, a saúde e o planeta.

“Acho que uma grande mudança que alguém pode fazer é se tornar vegetariano. A indústria global da carne, por causa da terra e da água necessárias para essa finalidade, é uma das maiores responsáveis pelo aquecimento global. Esse fato surpreendente emergiu nas pesquisas nos últimos anos. Então convido todos a refletirem e darem esse simples passo [tornarem-se vegetarianos] para ajudar o nosso precioso meio ambiente, o salvando para as crianças do futuro”, ponderou.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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