Pesca comercial já matou 1,2 mil golfinhos e botos na França este ano

Corpo de um golfinho, vítima da pesca comercial, que foi arrastado até a praia (Foto: Associated Press)

Número de golfinhos e botos encontrados mortos na França já ultrapassou 1,2 mil nos quatro primeiros meses deste ano, segundo informações do Observatório Pelagis, em La Rochelle.

É um número ainda mais chocante, considerando que nos últimos anos o registro mais elevado foi de 846 em 2017 e cerca de 700 em 2018. E o que tem causado essas mortes é a pesca comercial, já que é comum pequenos cetáceos morrerem presos às armadilhas utilizadas pelos pescadores.

Segundo o Observatório Pelagis, os golfinhos morrem asfixiados e, quando os pescadores os retiram de suas redes de emalhar, eles os descartam na água. Parte dos corpos costuma ser arrastada até a praia.

A bióloga marinha Hélène Peltier conta que em uma necropsia realizada pelo Observatório Pelagis, eles perceberam que um golfinho teve a cauda cortada pelos pescadores – na tentativa de soltá-los de seus equipamentos. “Seus pulmões estavam cheios de sangue, um sinal claro de asfixia”, conclui.

Em março, a Sea Shepherd anunciou que encontrou um “depósito” de golfinhos mortos em Les Sables d’Olonne, na Baía de Biscaia. Segundo a organização de conservação da vida marinha, o local está servindo como área de despejo de parte dos golfinhos mortos pela pesca comercial.

“É onde eles são despejados antes de serem enviados para uma usina de processamento”, informou. A denúncia foi feita pouco tempo depois que a Sea Shepherd revelou que cadáveres de golfinhos mutilados têm se multiplicado às centenas na costa atlântica francesa.

“Trinta anos de reuniões e discussões com os comitês de pesca levaram à situação catastrófica em que estamos hoje. O tempo para discussão acabou, há uma necessidade urgente de ação”, diz a presidente da Sea Shepherd France, Lamya Essemlali.

Em fevereiro, a Sea Shepherd contabilizou mais de 600 golfinhos, a maioria mutilados, encontrados nas praias francesas, vítimas da pesca comercial. Os animais foram atingidos por redes de arrasto. “Embora esse número possa parecer enorme, está muito abaixo da verdadeira escala de mortes em curso”, garante a organização.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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