Quanto impacto físico e emocional há por trás dos produtos de origem animal?

Foto: Andrew Skowron

Quanto impacto físico e emocional há por trás dos produtos de origem animal? Se pensamos em um produto, pode ser interpretável que esses impactos chegaram ao fim, se dependem do fim da vida não humana, e se não dependem os impactos não findaram. Mesmo quando findam, se penso em “produtos”, não “produto”, a continuidade persiste, porque o “fim” que possibilitou um “produto” é perpetuado pelo desejo incessante por sua repetição – logo “produtos”.

É o interesse nessa repetição que impossibilita que esse processo chegue ao fim, porque a habituação não permite o fim dos impactos físicos e emocionais, por suas indissociabilidades dos produtos de origem animal, já que são gerados a partir de vidas, ainda que o objetivo não seja mantê-las, mas findá-las o mais rápido possível.

Podemos especificar inúmeros elementos de impacto físico e emocional, que envolvam supressões, privações, violações, mutilações, descartes e abates, mas não é a especificidade o objeto de consideração dessa reflexão. Então cada um pode exercitar sua capacidade de inferência, dependendo do produto de origem animal em que se pensa e a partir do que é gerado e que tipo de consequência é possibilitada/forçada.

Na obtenção de qualquer produto de origem animal há impacto para o animal, e impacto é uma palavra à qual podemos atribuir um número indefinido de associações, mas aqui refiro-me, pelo óbvio, a multiplicidade de associações negativas, mesmo quando não reconhecidas; o que é, por comum, resultante da normalização de impactos que são rejeitados pela exaltação do que o interesse humano classifica e enaltece como “primário”, relegando aos impactos não humanos uma secundarização que é também forma de figuração-menor ou anulação.

Ou seja, o animal que é “alvo da geração de um algo”, que também recebe tratamento de “algo”, torna-se um “algo” como se dissociado do “algo” que gerou ou tornou-se em um processo de reducionismo que faz o “algo disponível para consumo” um “algo rompido de si”, de onde o si é abstraído como se jamais tivesse sido.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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