Rápido crescimento dos frangos gera problemas

Foto: Andrew Skowron

Não é incomum alguém dizer que os frangos criados para consumo se desenvolvem bem mais rápido do que antigamente, como resultado de “aperfeiçoamento genético”, mas qual seria a real diferença?

Um estudo científico canadense disponibilizado pela Science Direct, da Elsevier, revela que em 2005 os frangos já cresciam mais de quatro vezes mais rápido do que as aves criadas em 1957.

À época, um frango não ganhava mais de 0,9 quilo em 56 dias. Em 1978, ele chegava ao dobro – 1,8 quilo. Em 2005, ele atingiu 4,2 quilos no período.

Segundo o estudo, a seleção genética permitiu que as mudanças desejadas fossem alcançadas em décadas, mas cita entre as consequências a intensificação do dimorfismo sexual e problemas envolvendo a estrutura musculoesquelética e alterações imunológicas.

Para a pesquisa, o dimorfismo sexual não é um problema, mas sim a biomecânica musculoesquelética e as mudanças na resposta imunológica das aves.

“Consequências não intencionais para a seleção provaram ser desafiadoras para a indústria de frangos de corte e provavelmente continuarão a surgir”, aponta o estudo.

Com o rápido ganho de peso, os animais podem ter problemas porque seus músculos, ossos e órgãos se desenvolvem muito rápido. Outros potenciais agravantes são distúrbios metabólicos, problemas respiratórios/cardíacos, calcificação e deformação dos ossos.

É preciso destacar também que hoje os frangos mais consumidos no mundo, incluindo o Brasil, costumam ser abatidos com idade entre 35 e 45 dias.

Além disso, no sistema de produção industrial tem crescido o uso de antibióticos não apenas no tratamento de doenças que atingem as aves, mas também como parte do processo de “desenvolvimento” e “prevenção de doenças”.

Para chamar a atenção para o uso excessivo de antibióticos, que aumenta conforme cresce a criação de animais para consumo, no mês passado a organização Proteção Animal Mundial lançou a campanha “Haja Estômago!”.

Segundo a entidade, o uso indiscriminado para diversos fins mata as bactérias fracas selecionando as fortes e resistentes aos antibióticos, assim originando bactérias multirresistentes.

“Essas bactérias resistentes a antibióticos acabam sendo transmitidas aos seres humanos, prejudicando não só a saúde dos animais, mas também a nossa.”

 

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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