Uma conferência sobre proteção animal em que serviam animais como comida

Tom e Nancy ficaram chocados quando viram que o prato principal era “filé wellington” (Foto: Regan Animals Voice)

Depois de tornarem-se vegetarianos, o filósofo Tom Regan e a esposa Nancy decidiram participar de uma conferência sobre proteção animal na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, no verão de 1978. O tema naquele ano era o “laço que envolve humanos e outros animais”. Regan ficou extremamente empolgado com a possibilidade de conhecer os maiores pensadores da época tratando-se da questão animalista.

Porém, à noite, durante o primeiro jantar realizado pelos organizadores da conferência, Tom e Nancy ficaram chocados quando viram que o prato principal era “filé wellington”, que consiste em filé mignon coberto por massa folhada. O café da manhã oferecido ao casal incluía presunto, bacon, salsichas e arenque. Os almoços contavam inclusive com pâncreas de bezerro e fatias de língua de animais. Na segunda noite, a comissão organizadora da conferência ofertou aos convidados um jantar com carne de veado selvagem. Nos outros dias, serviram perna de cordeiro assado e vitela cordon bleu.

Constrangidos nessas situações, Tom e Nancy pediam que lhes preparassem algo livre de qualquer ingrediente de origem animal. O filósofo não considerava correto passar o dia discursando sobre os deveres humanos para com os animais e depois alimentar-se deles. Quando a comissão organizadora foi informada da recusa de Tom e Nancy em alimentar-se de animais, interpretaram aquilo como insolência, um tremendo desrespeito. Na realidade, os poucos vegetarianos da conferência passaram a ser vistos com maus olhos.

Apesar de tudo, a experiência serviu para mostrar ao casal de defensores dos direitos animais que diferentes pessoas entendem a proteção animal de diferentes modos. A importante lição influenciaria o caminho trilhado por Tom e Nancy, e reforçaria o posicionamento dos dois em relação ao que acreditavam e lutariam para defender, mesmo que isso custasse confrontar muita gente ligada à proteção animal.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

  1. 1978…e, ainda, tão em voga entre os tais “protetores de animais”, religiosos, políticos que surfam na onda, as grandes indústrias de matança de animais que descobriram um filão: exploram os animais e vendem “imitações” feitas , cfe os próprios, com vegetais….todos na maior hipocrisia!

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