Em comparação com 2019, o total de áreas agrícolas que receberam aplicação de pesticidas no Brasil cresceu 107 milhões de hectares em 2020, subindo para 1,6 bilhão de hectares e somando 1.052.520 toneladas. Esses dados fazem parte de um levantamento da Spark Consultoria Estratégica.
Vale lembrar que em 2020 o Brasil liberou mais 493 pesticidas, o que significou um aumento de 4% em relação ao ano anterior, que detinha o recorde de liberações. E esse aumento parece não ter previsão de fim.
Na semana passada, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), novo presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), declarou que o Brasil vive o seu melhor momento para que o agronegócio avance em suas pautas prioritárias – o que inclui a garantia da liberação de mais defensivos agrícolas.
Em 2020, o relator da ONU para Resíduos Tóxicos, Baskut Tuncak, criticou o excesso de tolerância do Brasil ao uso de agrotóxicos e lembrou que o país figura entre os três maiores consumidores de pesticidas do mundo.
Crescimento cada vez maior ano a ano
Ele disse que até 2019 o Brasil já tinha ampliado o uso de pesticidas em mais de 338%. No entanto, segundo o relator, o que dificulta o reconhecimento da nocividade dos agroquímicos são as subnotificações de casos de intoxicação e baixo índice de registro de mortes associadas a esse consumo.
A estimativa é de que em 13 anos a exposição aos agrotóxicos no país tenha acarretado de 34 a 51 mil mortes, de acordo com a ONU, embora em consequência de subnotificação foram contabilizados não mais do que 10.666 casos.
“O enorme uso de pesticidas está resultando em graves impactos sobre os direitos humanos em Brasil. A produção de alimentos e o crescimento econômico não são uma desculpa legítima para essas violações e abusos evitáveis”, criticou o relator.