Brasil ganha Instituto de Educação Antiespecista

Objetivo é mudar para melhor nossa relação com outros animais  

Com o objetivo de promover uma educação ética e ampliar a consideração moral pelos animais não humanos, assim inspirando mudanças significativas, Gustavo Henrique de Freitas Coelho e Indira de Freitas Nimer decidiram fundar o Instituto de Educação Antiespecista.

“Buscamos estimular indivíduos a repensarem suas relações com todos os seres sencientes, independentemente da espécie, além de capacitar agentes de transformação para atuarem de forma efetiva na defesa dos animais não humanos”, explicam Gustavo e Indira.

O instituto já tem um calendário de atividades definido para até o final de 2025, com a oferta gratuita de vários cursos em parceria com a organização internacional Ética Animal e com certificados emitidos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A iniciativa também conta com a parceria do Núcleo de Estudos Animalistas da Faculdade de Direito da UFU.

“Nossas atividades são gratuitas, abertas ao público em geral, realizadas de forma on-line e oferecem certificado em parceria com diversas universidades do país.” Ou seja, para participar, basta ter interesse no antiespecismo como tema.

Os fundadores do instituto argumentam que desde a infância aprendemos a enxergar os animais não humanos como inferiores e que essa visão molda nossas atitudes e visa justificar sua exploração e a desconsideração por seus interesses mais básicos, como terem sua vida e integridade física e psicológica preservados.

“Essa forma de discriminação, baseada na espécie, é chamada de especismo. Operando silenciosamente por meio de normas culturais e práticas cotidianas que mascaram a violência e a objetificação como algo natural e aceitável, o especismo é raramente questionado, perpetuando uma relação de dominação profundamente enraizada em nossas rotinas culturais, econômicas e sociais.”

Portanto um dos objetivos do Instituto de Educação Antiespecista é discutir como o especismo opera. “Entender o especismo é compreender que o problema não está apenas no fato de explorarmos animais para os mais diversos fins, mas nas crenças e valores que regem a forma como a humanidade se posiciona em relação a todos os seres sencientes, incluindo os animais selvagens.”

Gustavo e Indiara também acrescentam que somente a oposição ao especismo, o antiespecismo, se mostra como base moral e ferramenta pedagógica capaz de promover as transformações sociais necessárias para que tenhamos um mundo verdadeiramente justo e igualitário.

“Pois posiciona a discriminação contra os animais não humanos como o cerne do problema e reconhece que o respeito aos animais não humanos não depende de sentirmos afinidade por eles, não é uma questão dietética ou ambiental, tampouco é uma escolha pessoal ou estilo de vida. Respeitar os animais não humanos sencientes é uma questão de justiça.”

 

Calendário de atividades de 2025

 

 

 

 

 

 

 

Instituto de Educação Antiespecista nas redes sociais:

 

Sobre os diretores-fundadores

Gustavo Henrique de Freitas Coelho é graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Universidade de Franca e graduado (licenciatura e bacharelado) em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia, onde também obteve o título de mestre em Filosofia como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com pesquisa sobre as implicações morais da técnica de xenotransplantação. Possui especializações em Ciências da Religião pela Faculdade Famart e em Direito Animal pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). Atualmente, é graduando em História (UFU) e doutorando em Filosofia pela mesma instituição, como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com pesquisa sobre a moralidade da guerra no século XXI. Também é fundador e coordenador do “Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Ética Animal da Universidade Federal de Uberlândia UFU/CNPq” (2019-2024), um projeto que ofereceu dezenas de cursos gratuitos nas áreas de Ética, Direito e Medicina Veterinária, impactando mais de 12 mil alunos em todo o Brasil. Também é membro fundador do “Núcleo de Estudos Animalistas: Direito Animal, Ética e Sustentabilidade” da Faculdade de Direito da UFU, iniciativa que amplia o debate sobre os direitos animais em contextos acadêmicos e jurídicos. Também é organizador de dezenas de eventos acadêmicos, autor de artigos, capítulos de livros, e colunista no portal Jus Animalis.

Indira de Freitas Nimer é educadora, filósofa e ativista pelos direitos animais, com uma trajetória que une arte, filosofia e ação prática na luta por uma sociedade mais ética e inclusiva. É graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Essas áreas, embora distintas, confluem a favor de seu trabalho voltado a sensibilizar e transformar mentalidades por meio de iniciativas educativas. Compõe a equipe brasileira da ONG internacional Ética Animal (Animal Ethics), onde desenvolve conteúdo para plataformas digitais, além de possuir experiência na criação de cursos sobre ética animal em parceria com diversas instituições de ensino superior no Brasil. É cofundadora do Observatório Antiespecista, uma iniciativa que une acadêmicos, ativistas e a sociedade civil em torno de um objetivo comum: denunciar e combater o especismo, um preconceito amplamente difundido, mas muitas vezes invisibilizado. No campo acadêmico, suas pesquisas atuais investigam o longoprazismo como uma abordagem estratégica para promover um ativismo animalista mais eficaz e duradouro.

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Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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