O que leva pessoas a debocharem das críticas à exploração animal?

Se por um lado, há mais pessoas reprovando a exploração animal, por outro lado, não é difícil perceber que muitos não têm boa disposição em relação ao veganismo ou à abstenção do consumo de animais.

No entanto, o que leva pessoas a debocharem das críticas à exploração animal? A dedicarem tempo atacando quem compreende que o sofrimento animal pode ser reduzido de forma expressiva ao mudarmos nossos hábitos.

Esses animais reificados e reduzidos a produtos são criaturas vulneráveis, que dependem de uma mudança comportamental nossa para o fim de seus sofrimentos; para que não sejam submetidos a privações, não acabem, independente de finalidade de criação, pendurados e mortos pelo breve prazer de mastigar e engolir partes de alguém.

Que tipo de mensagem alguém que não tem interesse em mudar seus hábitos transmite ao fazer piada da situação dos animais? Alguém pode ver isso como uma forma de irritar veganos. Mas não é também um ato de desrespeito em relação a quem vive uma realidade de grande vulnerabilidade?

É engraçada a dor não humana, o confinamento de quem é submetido a uma realidade de miséria por toda a sua breve vida? Ainda que isso seja negado, nada pode refutar que o fim desses animais é determinado por uma lâmina e pelo sangue vertido que é fim tão objetivado quanto simbólico. Parece cômico, divertido?

O problema em relação a isso não está em ser vegano e, portanto, ser impactado por essa atitude (porque não penso no “ser vegano”), mas sim o que representa esse comportamento opositor. Como me sinto, por exemplo, não é importante, mas sim a conexão que posso fazer entre a reação de quem age assim e a situação dos animais que são subjugados e mortos a cada segundo.

Devemos entender como normal fazer piadas sobre um sofrimento apenas porque não é nosso? Acredito que o problema nesse caso não é uma inabilidade em relação à empatia, mas como isso pode ser transformado em algo pior do que uma ausência, que é a caricaturização da realidade animal, transformada em algo jocoso e irrealista, exposto a uma ridicularização que não tem base racional.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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