ONG destaca que exploração de países como o Brasil é o que garante alto consumo de alimentos de origem animal no Norte Global

A organização alemã ProVeg International publicou um artigo em que destaca que os países do Norte Global financiam a degradação ambiental, exploração animal e insegurança alimentar no Brasil e em outras nações do Sul Global.

“Muitas pessoas do Sul Global são marginalizadas em sistemas alimentares intensificados por causa do apetite excessivo e pela pressão por maiores lucros no Norte Global. O consumo excessivo de produtos de origem animal nessas sociedades é facilitado pelos atuais sistemas alimentares industrializados e centrados em animais.”

Segundo a publicação, o alto consumo de alimentos de origem animal no Norte Global é facilitado pela vantajosa exploração dos mercados do Sul Global como fonte de produção mais barata, o que inclui a ração para animais criados para consumo no Norte Global. Mas a que custo? Desmatamento para produção de ração, intensificação da exploração animal, impacto na vida silvestre e produção altamente insustentável de alimentos.

“Apesar dessa superprodução, os alimentos ainda são distribuídos de forma muito desigual em todo o mundo, o que agrava a insegurança alimentar em muitas partes do mundo. Uma das razões para isso é que, em vez de cultivarmos para consumo humano direto, estamos cultivando ração para animais”, destaca o artigo que defende que os países do Norte Global precisam ter consciência de que sistemas alimentares justos são aqueles que não deixam ninguém para trás.

“Cerca de um terço das terras agrícolas globais é usado para esse fim, e a pecuária intensiva usa cerca de um terço dos grãos do mundo e dois terços do total de soja, milho e cevada.”

O artigo também aponta como problemática a exportação de dietas ocidentais para o Sul Global e modos de produção que prendem os agricultores locais em ciclos de lucro também insustentáveis.

“Muitas das culturas alimentares convencionais não são adaptadas ao clima na maioria dos países do Sul Global, precisam de uma quantidade impressionante de água e são muito mais vulneráveis ​​a mudanças na temperatura e nos padrões climáticos. Isso cria muita insegurança para os pequenos agricultores e os torna menos independentes”, critica.

“Se quisermos criar sistemas alimentares verdadeiramente inclusivos e sustentáveis que realmente não deixem ninguém para trás, é necessária uma abordagem holística e global para criar mudanças sistemáticas. Embora a ação individual seja louvável, precisamos, acima de tudo, de compromisso político.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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