Um estudo publicado recentemente na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition estabelece uma relação entre o alto consumo de proteína animal e o risco de doenças cardíacas. A mesma associação foi feita em um artigo publicado em 2024 pelo Instituto de Cardiologia de Montreal, no Canadá.
Além disso, o alto consumo de proteína animal foi associado ao aumento do risco de diabetes tipo 2, tanto em um estudo sobre o qual já publicamos e que saiu na revista científica de medicina The Lancet quanto em um artigo publicado na revista científica Frontiers in Endocrinology, em 2024.
O que esses estudos têm em comum é que apontam que optar por consumir proteínas a partir de vegetais é melhor para uma vida mais saudável. O estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition, por exemplo, sustenta que essa mudança pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares (DCV), doença arterial coronariana (DAC) e acidente vascular cerebral (AVC).
“Essas descobertas permaneceram consistentes em vários subgrupos e análises de sensibilidade. As relações dose-resposta mostraram que a redução do risco se tornou mais gradual com maiores proporções de proteína vegetal em relação à proteína animal […].”
Os benefícios em relação à redução do risco de DCV foram observados na substituição da carne de aves por oleaginosas, assim como de carne vermelha e processada por quatro fontes de proteínas vegetais; e laticínios também por oleaginosas.
A redução do risco de DAC foi observada na substituição da carne de aves por grãos integrais e oleaginosas, assim como de carne vermelha e processada também por quatro fontes de proteínas vegetais; e laticínios também por oleaginosas.
O risco de AVC foi menor com a substituição da carne vermelha e processada por grãos integrais e oleaginosas. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York, Universidade Harvard, Universidade de Toronto e Universidade de Montreal.
Já o artigo publicado pelo Instituto de Cardiologia de Montreal, e assinado pelo cardiologista Martin Juneau, que também é professor da Universidade de Montreal, aponta:
“É importante notar que o aumento do risco de doenças cardiovasculares e diabetes associado à alta ingestão de proteínas é observado para proteínas animais, mas não para proteínas vegetais. Portanto, é essencialmente a predominância de proteínas animais (dois terços das proteínas nos países ocidentais) que é responsável pelo efeito negativo de uma dieta rica em proteínas quanto ao risco de se desenvolver essas patologias.”
O estudo publicado na revista científica The Lancet, lembramos, frisa que várias pesquisas já indicaram uma potencial associação entre uma alta ingestão de proteínas animais e o aumento do risco de diabetes tipo 2.
Outro estudo recente, de pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, publicado na revista científica Frontiers in Endocrinology, que avalia a relação entre diabetes tipo 2 e um alto consumo de proteínas de origem animal, conclui que seria apropriado que as diretrizes dietéticas atuais considerassem a fonte de proteína dietética em relação às dietas ricas em proteínas, e que seria razoável aconselhar uma redução no consumo de proteína animal e uma ingestão relativamente maior de proteína vegetal.
Como as dietas ricas em proteínas normalmente são baseadas em proteínas animais, o estudo também pontua que é preciso considerar outros potenciais efeitos deletérios de dietas ricas em proteínas – como osteoporose e doenças renais. “Uma potencial ligação com osteoporose foi apoiada pela observação do aumento da excreção urinária de cálcio durante uma dieta com alta ingestão de proteínas [animais].”
Referências
Dietary plant-to-animal protein ratio and risk of cardiovascular disease in 3 prospective cohorts
High protein intake could increase the risk of cardiovascular events
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