Vegazeta

Em entrevista publicada esta semana pelo MIT Technology Review, o fundador da Microsoft, Bill Gates, disse que países ricos deveriam produzir apenas carne livre de abate, apontando que eles têm condições de mudar a produção em direção a um futuro mais sustentável.

“Você pode se acostumar com a diferença de sabor, e a alegação é que eles vão tornar o sabor ainda melhor com o tempo”, disse, acrescentando que os benefícios de carne cultivada em relação à sustentabilidade fazem valer a pena mudar o comportamento de consumo.

Além disso, Bill Gates avalia que a regulação pode ser usada para modificar completamente a demanda. “Portanto, para os países de renda média e superior, acho que é possível”, reforçou e apontou que hoje a indústria da carne não quer que a carne cultivada traga um rótulo como “carne bovina”.

Isso também significa que essa indústria em desenvolvimento é vista como uma ameaça por segmentos menos abertos a mudanças na indústria da carne.

Carnes vegetais estão à frente

Avaliando também tudo que envolve a produção de carne e seu impacto ambiental, seja produzida de forma convencional ou “mais sustentável”, Bill Gates comentou que as carnes vegetais são melhor aposta para o meio ambiente do que a pecuária, independente de sistema, considerando demanda de recursos naturais, produção de grãos para o gado e emissões de gases de efeito estufa.

Segundo Bill Gates, ainda é cedo pra dizer se iniciativas como a da Memphis Meats, que está desenvolvendo carne cultivada, tem condições de oferecer um produto a preço competitivo em relação à indústria convencional e que possa beneficiar o mundo todo. No entanto, ele avalia que foodtechs de carnes vegetais como a Impossible Foods e Beyond Meat já têm um roteiro de qualidade e o que precisa ser feito para mudar essa realidade.

“O que os torna totalmente competitivos”, avaliou, ainda que hoje não representem 1% da carne produzida no mundo. “Mas estão a caminho. E a Breakthrough Energy [iniciativa fundada por Bill Gates que tem investido na produção mais sustentável de alimentos] tem quatro investimentos diferentes voltados à produção de ingredientes com muito mais eficiência.”