Há uma grande procura por cordeiros para o Natal. Muitas pessoas querem comer um animal que não viveu mais do que alguns meses. Ou seja, uma criança de outra espécie. É o mesmo animal que muitas pessoas admiram quando veem em algum vídeo sobre “animais fofos”.
Há quem prefira comprá-lo já morto e esfolado, outros preferem abatê-lo em casa. No abate doméstico, o animal primeiro é atordoado com um porrete ou algo parecido; ou diretamente imobilizam sua cabeça e pés e o degolam após um jejum de 16 a 24 horas.
Depois de sangrado e esfolado, além de ter suas patas e glândulas mamárias removidas, ocorre a evisceração – extrai-se os órgãos. Do rabo, são mantidas algumas vértebras. Então o cordeiro é refrigerado e pode ter outras partes cortadas ou não – depende da finalidade.
Aqueles que não preferem matá-lo e que desejam uma dissociação da carne com o animal, optam por comprar suas partes no varejo. As mais procuradas nesta época do ano são o lombo, pernil, costela, picanha e peito.
Afastado de sua mãe, o cordeiro criado para abate superprecoce é condicionado a ganhar até 300 gramas de peso por dia. A dieta é mantida até o filhote de carneiro chegar a 30 quilos.
Mesmo que alguém alegue que o animal é bem alimentado, isso deixa claro que a alimentação não é sobre as necessidades do cordeiro, sobre os desejos alimentares do cordeiro, mas sobre o interesse de quem deseja o fim do cordeiro – somente o engordar para matar.
No Brasil há cordeiros que são abatidos a partir dos três meses de idade. O sangue desse filhote de poucos meses também é usado na culinária. Há partes não comestíveis que são descartadas como se não houvesse razão para existir.
O cordeiro é outro animal sobre a mesa que evidencia a contradição de uma celebração da vida baseada na morte de criaturas vulneráveis. Deve o Natal ser celebrado com violência?
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