Segundo estudo, é melhor consumir leguminosas do que carne

Conclusão é baseada em uma combinação de avaliações que envolvem nutrição, saúde, meio ambiente e economia

Um estudo da Universidade de Oxford, por meio do Instituto de Mudanças Ambientais, publicado recentemente no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), aponta que é melhor consumir leguminosas do que carne e laticínios. A conclusão é baseada em uma combinação de avaliações que envolvem nutrição, saúde, meio ambiente e economia.

Optar por leguminosas em vez de carne e laticínios pode reduzir desequilíbrios nutricionais e o risco de mortalidade por doenças relacionadas à alimentação, assim como reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o uso e desperdício de água gerado pela agropecuária. Outro benefício citado no estudo é que os custos cairiam em mais de um terço em comparação com os custos da carne e dos laticínios.

Segundo o pesquisador dr. Marco Springmann, autor do estudo, reduzir o consumo de carne e laticínios é essencial para limitar as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e melhorar a saúde. “Nosso estudo mostra que existe uma variedade de alimentos e produtos alimentícios que teriam múltiplos benefícios ao substituir carne e laticínios nas dietas atuais”, afirma.

Ele aponta que os novos alimentos processados de origem vegetal que surgem como alternativas aos alimentos de origem animal, apresentam vantagens em relação às carnes e aos laticínios, mas as reduções de emissões e as melhorias na saúde são de um quinto a um terço menores em comparação com o consumo direto de leguminosas, ou seja, que não foram convertidas em novos produtos industrializados ou somente usadas como um ingrediente em um novo produto processado.

Isso quer dizer, na avaliação feita por Springmann como parte da conclusão do estudo, que podemos experimentar mais benefícios se consumimos esses alimentos em suas formas não processadas ou minimamente processadas, como quando comemos diretamente feijões, ervilhas, soja, lentilhas, grão-de-bico, etc.

“Elas [leguminosas] tiveram um bom desempenho em todas as perspectivas, incluindo nutricional, saúde, ambiental e custo.” Springmann também aponta que a partir do estudo concluiu que o tempeh, um alimento proteico a partir de soja fermentada, também é uma opção que o coloca em vantagem, considerando todos esses critérios, em relação aos hambúrgueres vegetais processados.

No estudo também é apontado que a carne cultivada em laboratório não pode ser considerada ainda um produto competitivo, nem mesmo em comparação com a carne convencional. Springmann afirma ainda que suas emissões são elevadas em comparação com as opções de origem vegetal e principalmente em relação às leguminosas.

Ainda que possa ser uma questão de tempo a redução das emissões da carne cultivada em laboratório, a partir de maiores investimentos e avanços tecnológicos, o pesquisador também frisa que o impacto desse tipo de carne na saúde pode ser tão ruim quanto o da carne convencional.

“Nossas descobertas sugerem que alternativas adequadas à carne e ao leite existem e estão disponíveis e são acessíveis sem necessariamente exigir novas tecnologias ou desenvolvimento de novos produtos. O que é necessário, no entanto, são políticas públicas prudentes que possibilite que todos os cidadãos possam adotar refeições saudáveis e sustentáveis”, conclui o autor do estudo.

Clique aqui para ter acesso ao estudo “A multicriteria analysis of meat and milk alternatives from nutritional, health, environmental, and cost perspectives“.

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Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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